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Exclusivo! Faci Wyden: alunos denunciam professor por transfobia

Esta semana o BT recebeu denúncias de alunos da faculdade Faci Wyden – Unidade Batista Campos, em Belém. De acordo com os estudantes, o professor seria Iranildo Encarnação, coordenador do curso de Tecnologia da instituição. Ele teria feito um discurso de teor transfóbico em uma aula que foi ministrada no dia 31 de março deste ano.

De acordo com os denunciantes, o professor com frequência afirma que “hoje em dia não se pode fazer piada com nada, está tudo muito chato” e que o momento do discurso ironizando pessoas trans começou de forma aleatória. “Eu senti ódio e preconceito sendo destilados em uma sala de aula como forma de ‘piada'”, lamentou um dos estudantes.

No áudio, que tem quase três minutos, é possível escutar um homem falando: “Eu tô aqui com um bando de adulto, se sair daqui eu sem quem foi. Aí o cara fala assim ‘pessoas que menstruam’. Se é mulher, então menstrua, não é isso? Se é do sexo feminino, então menstrua. Não tem “mas”. Se há três anos ela não menstrua, e é menina, tem algum problema de saúde. Se já tem idade, então não menstrua mesmo, mas continua sendo mulher. Aí o cara pensa assim: se é pessoa e menstrua então é o que? P*rra bicho, é mulher”, afirmou.

Foto: Reprodução.

Em seguida, ele continuou: “não tem mais isso agora, porque agora tem os trans. Que é mulher que agora quer ser homem”, diz. Neste momento, o homem parece ver um dos alunos com celular na mão e reage: “não, perai! Guarda essa p*rra de celular aí pra eu não ser demitido. Eu vou dizer que isso (gravação) é falso, geraram em inteligência artificial”, ironizou. E voltou ao assunto: “aí eu pergunto: se era mulher, agora é trans, ou seja, virou homem, p*rra quer ter pint* e não quer tirar o útero? Tá errado né, cara!”, afirma.

Em resposta, um dos alunos questiona: “E os homens que querem ser mulher?”. O homem na gravação retruca: “mas esses já não menstruam. Não tem jeito. Cortam o pinto, mas não menstruam. Manda eles falarem com Deus, não dá”, responde o professor aos risos.

Por fim, o homem afirma que é questionado pela instituição quanto a temas sobre diversidade e diz: “eu sou revoltado com isso, mas quando a faculdade pergunta o que eu acho, eu acho lindo”, ironizou. E seguiu: “a gente recebe lá: o que você acha disso e disso? Bacana! Você foi discriminado? Nunca!”, finaliza.

O QUE DIZ A FACI?

O BT entrou em contato com a Faci Wyden e questionou sobre o caso. Em nota, a instituição de ensino afirma que não foi procurada formalmente pelos alunos, mas confirma que soube do caso no dia 23 de maio. Veja a nota na íntegra:

A instituição esclarece que não recebeu manifestação de estudantes em seus canais oficiais no período relatado. Para questões dessa natureza, a instituição disponibiliza um Canal de Ouvidoria (https://www.wyden.com.br/ouvidoria), que se destina a acolher o aluno e registrar desvios de conduta, tendo como desdobramento o procedimento administrativo de apuração com base em normativos internos. A direção informa que tomou conhecimento do fato em 23/05/2023 e que já foram tomadas as providências cabíveis. A faculdade ressalta que atua na promoção de um ambiente respeitoso e inclusivo para toda a comunidade acadêmica.

O BT voltou a questionar quais providências seriam tomadas a respeito da situação. Em nota, a Faci Wyden ratificou que o procedimento interno administrativo já foi iniciado, mas não deu mais detalhes. Confira a nota na íntegra:

“Como já mencionado, o caso chegou ao conhecimento da gestão da unidade, informalmente, em 23/05/2023. Em relação às medidas tomadas, ratificamos que o procedimento interno administrativo já foi iniciado para apuração do caso por área especializada da Cia e em razão da confidencialidade das apurações e privacidade dos dados pessoais dos envolvidos, informações sobre o andamento/conclusão do caso não serão divulgadas.

O BT também tentou contato com o professor Iranildo Encarnação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

OUÇA O ÁUDIO: