O caótico horário de pico é uma mazela que se instalou em grandes metrópoles do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, e em Belém, não é diferente. Em dois momentos do dia o transporte público da capital fica sobrecarregado com grande ocupação de passageiros e o trânsito pesado, provocado pela grande quantidade de carros e motos nas ruas, muitos transportando apenas uma pessoa.
Os horários de pico no transporte coletivo acontecem, em geral, no início e final do dia, das 6h às 8h30 e das 17h30 às 20h, somando 5h de circulação do serviço.
Já os horários fora de pico representam o maior tempo de circulação dos ônibus em qualquer cidade. Considerando que os ônibus começam a circular por volta das 4h da manhã e finalizam próximo da 1h da manhã. A disponibilidade do serviço totaliza um período de 21h de circulação do ônibus por dia.
“A demanda de passageiros é baixa no sistema durante mais de 2/3 do dia de serviço e essa ociosidade gera prejuízos para todos, já que muitos desses ônibus chegam a circular praticamente vazios, prejudicando investimentos como a renovação da frota”, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel)
“A quantidade de ônibus em circulação segue a proporcionalidade da demanda de passageiros e nos últimos 20 anos o número de passageiros transportados reduziu em cerca de 50%. Passageiros que migraram para transporte individual, clandestino ou aplicativos, deixam de ser calculados para a oferta de ônibus. Assim, a redução de passageiros também resulta na redução de ônibus em circulação, já que o custo do serviço é ressarcido apenas pelo pagamento da passagem, pois em Belém não há subsídios para o transporte.”, afirmou ao BT o Setransbel.
Nesta realidade, uma das saídas para mudar o panorama do transporte público em Belém é o escalonamento de horários. “O horário de pico acontece em qualquer cidade do mundo e não é só no transporte coletivo. Um bom exemplo são as ruas e avenidas das grandes cidades, que formam congestionamentos em horários de pico e para elas também não há viabilidade de aumentar a quantidade de vias. A saída para o horário de pico, em qualquer situação, é o escalonamento de horários para os vários segmentos, como: setor de serviços, comércio, escolas e para chegar ou sair do trabalho. Pode ser uma alternativa para reduzir os transtornos do horário de pico. Durante a pandemia várias cidades, inclusive Belém, adotaram horários diferenciados para o funcionamento do comércio, escolas e serviços, distribuindo o fluxo das pessoas em vários horários do dia e aliviando não só o transporte coletivo, mas também a fluidez no trânsito, no comércio e muito mais”, disse o Sindicato.
SOLUÇÕES
De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém, desde às 4 horas da manhã os ônibus já começam a rodar, e até às 6h30, a ocupação de passageiros é considerada tranquila. Entretanto, tal cenário vai se modificando, até que, de 6h30 às 9h, a ocupação passa a ser total, enquanto que de 9h30 às 17h, a ocupação é baixa.
Entre as soluções para desafogar o serviço de transporte urbano foi implantado o BRT, que funciona como um meio de transporte mais dinâmico e rápido em corredores exclusivos aos ônibus. Outras saídas como as faixas exclusivas podem ser de grande valia, mas o mesmo não se pode dizer para o escalonamento por placas de veículos, como já experimentadas em outras capitais do Brasil.
“Faixas exclusivas, ou mesmo preferenciais, para os ônibus geram mais fluidez, beneficiando os usuários com deslocamentos mais rápidos e mais baratos que outros modais (como no BRT). Com isso ocorre o estímulo de uso ao ônibus, o que já possibilita a redução de veículos de transporte individual nas ruas. Para a destinação de faixas exclusivas para os ônibus o investimento é baixo e extremamente eficaz. O principal exemplo está em Curitiba/PR, que ainda na década de 70 implantou ruas exclusivas, além de faixas preferenciais para os ônibus, se tornando modelo de eficiência em transporte coletivo. Porém, é necessário sinalizar as faixas exclusivas de ônibus e implantar a fiscalização eletrônica do seu uso, a fim de coibir a circulação irregular, como se vê hoje nas poucas vias existentes em Belém. Quanto ao escalonamento de veículos, chamado de rodízio por final de placa, este já se mostrou ineficiente em São Paulo, provocando a busca pelo segundo veículo e provocando ainda mais congestionamento nas vias”, ponderou o Setransbel.