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Ex-PM é condenado a 145 anos de prisão por participar de chacina em Santa Izabel do Pará; sete pessoas da mesma família morreram

O ex-policial militar Renato Cardoso do Carmo foi condenado a 145 anos de prisão pela morte de sete pessoas da mesma família assassinadas na chacina de Santa Izabel do Pará, região metropolitana de Belém. O réu foi julgado nesta terça-feira, 20, em Belém. O julgamento durou cerca de 10h.

A condenação considerou a participação do ex-policial na morte das sete vítimas, e também o crime de formação de quadrilha armada, já que a Justiça constatou que Renato do Carmo integrava grupo de extermínio enquanto atuava como policial da Rotam.

O réu já havia solicitado dois pedidos de liberdade provisória, mas todos foram negados pela Justiça. Durante o julgamento, uma das sobreviventes, Raimunda Moraes Sobral, mãe de 3 vítimas assassinadas, confirmou que o ex-policial é um dos participantes da chacina, sendo um dos mais agressivos na invasão.

“Ele me bateu, ele arrancou o meu neto do braço da minha filha e depois matou ela. Eu só quero que a justiça seja feita”, disse a sobrevivente.

Segundo a testemunha, as vítimas que estavam no local já teriam sofrido ameaças, quando ainda moravam no bairro do Aurá, no município de Ananindeua, e que por esse motivo teriam ido até Santa Izabel para se esconder dos acusados.

Renato Cardoso do Carmo alega ser inocente e durante o julgamento houve diversos momentos de tensão entre os familiares das vítimas, que não acreditam na inocência do acusado. A juíza do caso pediu a retirada de algumas pessoas da sala para evitar maiores comoções.

O promotor de justiça do Ministério Público do Estado, Edson Cardoso, que está no caso como acusação acredita que o réu é culpado devido a um laudo emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) que fez a comparação balística entre os projéteis encontrados em alguns corpos das vítimas e comparado à arma encontrada na casa do réu, havendo coincidências.

“De fato, existem as testemunhas, mas a prova do IML nos dá a segurança maior sobre a procedência da ação penal”, detalhou o promotor.

Em 2017, um outro PM foi absolvido no mesmo caso, pois a promotoria de Justiça não sustentou a acusação por falta de provas. Segundo a defesa, o acusado estava de serviço no batalhão da Rotam, em Belém.

O caso – A chacina de Santa Izabel ocorreu em agosto de 2011, quando policiais militares, conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público, invadiram a casa das vítimas pelos fundos, armados, trajando roupas pretas, capuzes e luvas. Logo que entraram e surpreenderam os moradores, levaram o casal proprietário da casa (Antônio Sobral e Raimunda Sobral) e cinco crianças (filhos e netos dos proprietários) para um dos quartos, e seguiram com os demais para a sala. As vítimas, que foram torturadas e humilhadas, foram ordenadas a deitarem no chão, de costas, com as mãos na nuca, sendo, em seguida, executadas sem qualquer defesa.

Pelo crime, o Ministério Público denunciou Renato Cardoso do Carmo, Jeidson Aguiar de Brito, Francisco das Chagas Lopes Silva, Leandro Lira Nascimento, Aldecenir Pinheiro Rodrigues Raiol e Claudinei de Souza Silva. As vítimas são Ana Maria Moraes Sobral, Leonardo Serrão da Costa, Francisco Aurismar Moraes Sobral, Antônio Aldenir Moraes Sobral, Hemerson de Moraes Santana, Jaqueline de Moraes Santana e Nildene Cristina Evangelista Barros. Algumas das vítimas ainda eram adolescentes.