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Vídeos mostram PMs amarrando pés e mãos de suspeito já algemado

São Paulo (SP), 04/06/2023 - Policiais militares amarraram um suspeito de furto pelas mãos e pelos pés e o arrastaram e carregaram como um animal. O caso ocorreu no dia 04/06, na Vila Mariana, em São Paulo. Foto: Reprodução TV

As imagens das câmeras corporais dos policiais militares e do sistema de segurança de um prédio revelaram que Robson Rodrigo Francisco já estava algemado, durante o momento de sua prisão, quando foi amarrado com os braços e pernas para trás, de forma que não conseguisse ficar em pé nem sentado. Os vídeos, junto ao registro de uma testemunha, foram reunidos e divulgados pelo G1.

Um dos policiais aperta as amarrações, deixando mãos e pés bem juntos, atrás do corpo do rapaz, na altura do quadril. No vídeo feito por uma testemunha, quando o suspeito foi levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), é possível ver Robson no chão, enquanto os policiais estão em pé. 

Na sequência, o rapaz é arrastado pelo chão por um dos agentes para dentro de uma sala. Depois, Robson é carregado por dois policiais militares, que o seguram pela corda e pela camiseta. Ainda amarrado, ele é colocado no porta malas de uma viatura. 

As imagens das câmeras corporais dos policiais já foram inseridas no inquérito e estão disponíveis para consulta pelos órgãos legais, segundo informações da SSP do dia 16 de junho. A Polícia Militar (PM) afastou das atividades operacionais seis agentes envolvidos e um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias relativas às suas ações no episódio. 

Na última terça-feira (20), o Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou denúncia por três crimes contra Robson, tornando-o réu por furto qualificado por concurso de agentes, resistência à prisão e corrupção de menor de idade. Os policiais envolvidos na ocorrência de sua prisão seguem afastados das atividades operacionais, com “eventuais excessos” ainda sendo apurados, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP). 

A Justiça paulista mantém Robson em prisão preventiva, desde sua audiência de custódia em 5 de junho, quando a juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli entendeu que não houve tortura nem maus tratos contra o suspeito no momento do flagrante. O TJ informou, na ocasião, que a juíza não teve acesso às imagens que posteriormente se espalharam por redes sociais. 

No entanto, o boletim de ocorrência da prisão do rapaz já trazia a informação de que ele havia sido imobilizado com uma corda pelos policiais, conforme informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP), além da informação de que uma testemunha teria feito vídeo.

A defesa de Robson disse, em nota, que “a estrutura do Estado se mostra desproporcional em todos os aspectos, quanto trata de reprimenda, especialmente ao pobre, negro e vulnerável social, desde seu nascimento até sua morte.” A nota acrescenta que “não há reabilitação, não há segunda chance. Há castigo sem reflexão e estigma pra sempre. E o recado é claro: desocupem nossas belas ruas, praças e locais dos cidadãos de bem, e, pois se necessário os amarraremos, arrastaremos por aí e nada há de nos acontecer”. 

O advogado José Luiz de Oliveira Junior informou que, para a Justiça, as imagens das bodycams são irrelevantes. “Eu acho um absurdo, o que mostra como há inconsistências significativas em prejuízo de um homem preto, pobre e condições econômicas precárias diante de uma Justiça que sequer toca no assunto da violência praticada contra o rapaz.” 

“Faremos nossa parte como ANAN [Associação Nacional da Advocacia Negra], mas temos consciência que esse é apenas um caso, diante de diversos outros em que tudo o que ocorreu em seu desfavor sequer é considerado e observado pelo que se entende por justiça”, finalizou.