A Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) lançou uma proposta que busca a criação de um programa nacional de mobilidade urbana. No documento, lançado em maio deste ano, a associação lista alguns motivos pelos quais viu a necessidade do programa, dentre eles estão:
- um modelo de financiamento que conta unicamente com a tarifa paga pelo passageiro é um problema em alguns grandes centros do país;
- o agravamento da situação do transporte público urbano durante a pandemia de Covid 19;
- Necessidade de investimento para renovação das frotas, bem como o fortalecimento das linhas já existentes.
De acordo com o documento, em fevereiro de 2021, um ano após o começo da pandemia, o sistema nacional de transporte público já acumulava R$ 11,8 bilhões em prejuízo. Em maio de 2022 esse número subiu para R$ 28,4 bilhões e, atualmente, atingiu a marca de R$ 36,2 bilhões.
Uma das consequências mais fortes do agravamento da crise no transporte público de passageiros foi o aumento considerável no número de greves e paralisações de rodoviários pelo país. Segundo dados da NTU, o número chegou a 397 paralisações de serviços em 108 sistemas pelo país. Além disso, teve ainda a interrupção permanente de 55 operadoras de serviço, o que resultou em uma redução de 90 mil empregos pelo país.
A PROPOSTA
De acordo com o documento liberado pela NTU, a associação entende que é necessário colocar em prática um transporte público ambiental, econômico e financeiramente sustentável. Para isso, o relatório pede que o Governo Federal, dentro das competências que a Constituição permite, coordene uma reconstrução do sistema nacional de transporte público.
Entre os tópicos citados, estão:
- Criação do Bolsa Transporte: trata-se de permitir o acesso gratuito a 15 milhões de integrantes do Bolsa Família nos sistemas de transporte em todas as cidades brasileiras em que este serviço é regulamentado.
- Renovação da frota nacional de ônibus: consiste na substituição de mais de 30 mil ônibus velhos (30% da frota nacional) por veículos novos, entre os quais também veículos elétricos.
- Infraestrutura para prioridade dos ônibus na via: compreende o fomento à implantação de 9.000 km de faixas exclusivas, corredores de ônibus e BRTs.
- Melhoria da governança: a ideia é promover um consórcio de instituições a ser liderado pela Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana e que poderá ser integrado por bancos e agências multilaterais, agências de desenvolvimento do Brasil ou do exterior, universidades e organizações da sociedade civil para o desenvolvimento de programas de qualificação e treinamento para agentes públicos das três instâncias de governo.