Uma operação da Polícia Militar de São Paulo deixou ao menos oito mortos em Guarujá, litoral de São Paulo. As execuções são uma resposta à morte de um soldado da Rota, tropa de elite da polícia paulistana, no dia 27 de julho.
O governador do estado, Tarcísio de Freitas, confirmou a morte de 8 pessoas na região, a maioria no bairro Vila Baiana, com a possibilidade do número chegar a 12 vidas perdidas, de acordo com a Ouvidoria das Polícias de São Paulo. Claudinho Silva, ouvidor das polícias de SP, sinalizou para a existência de uma reunião com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) na segunda-feira (31), às 10h, para tratar do assunto e definir uma data para visitar a cidade do Guarujá.
“A Ouvidoria, logo que tomou conhecimento das denúncias que chegavam de familiares de vítimas e de moradores das comunidades do Guarujá, acionou a Defensoria Pública, que já estava ciente de algumas questões, acionou também o Ministério dos Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos da OAB e o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), o deputado Eduardo Suplicy”, explicou.
De acordo com moradores, cerca de 20 viaturas da polícia e helicóptero da corporação cercaram o território de comunidades da cidade do Guarujá desde quinta-feira (27). Os moradores ainda contam que policiais andam com capuz nos rostos e as pessoas dos bairros estão intimidadas e evitam sair de casa para atividades cotidianas, como comprar pão.
Os policiais Patrick Reis e o cabo Martin participavam de operação militar de combate ao tráfico na região, quando Reis foi atingido na axila e Martin, na mão esquerda. Patrick Reis não resistiu aos ferimentos e faleceu. Desde então, a chamada Operação Escudo, para identificar os criminosos, foi desencadeada para encontrar os envolvidos no caso.
Em grupos de WhatsApp, foram repassados recados de que a polícia, em represália à morte de Patrick Reis, mataria ao menos 30 pessoas na Vila Baiana e outras 30 nas comunidades da região. Os policiais assassinaram pessoas com passagens pela polícia e com tatuagens.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública “esclarece que a Operação Impacto-Guarujá acontece no litoral de São Paulo desde 23 de junho, em decorrência dos altos índices de criminalidade naquela região. Desde o começo da operação, a polícia tem enfrentado grande resistência dos criminosos. Na quinta-feira, um deles vitimou um policial da Rota que patrulhava uma comunidade. Após a morte do policial, a PM e a Polícia Civil desencadearam a Operação Escudo, para identificar, localizar e prender os envolvidos no assassinato do policial”.
A Secretaria não sinaliza para a morte de 10 pessoas em represália à morte do policial e destaca os presos na operação. “Os quatro envolvidos no crime já foram identificados. Dois foram presos, um morreu ao entrar em confronto com a polícia e o autor do tiro está foragido. Vale ressaltar, também, que desde sexta-feira, mais de 10 pessoas foram presas em flagrante tráfico de drogas e dezenas de quilos de entorpecentes foram apreendidos”.
Douglas Belchior, ativista da Uneafro que acompanhou o enterro de uma das vítimas, demonstrou repúdio à ação da Polícia Militar e à política de Segurança Pública de Tarcísio de Freitas, governador do estado.
“São pistoleiros, assassinos autorizados pelo alto comando da polícia nos estados. Além de identificar e punir os monstros que promovem assassinatos e terror indiscriminado nas comunidades, é preciso responsabilizar o comando, a hierarquia militar e também o comandante em chefe das armas no estado de SP, que é o governador Tarcísio!”, avalia.