O Hacker Walter Delgatti Neto abriu a boca e começou a dizer o que sabe e o que foi conversado nas reuniões dele com o Partido Liberal (PL), Carla Zambelli e Jair Bolsonaro, na trama inconstitucional para fraldar as urnas eletrônicas.
“A segunda ideia deles (Zambelli, PL e Bolsonaro) era que eu colocasse um aplicativo meu em uma urna emprestada da OAB e mostrasse à população no 7 de setembro que é possível apertar um voto e sair outro”, contou Neto.
Mesmo com o respaldo do Supremo Tribunal Federal lhe garantindo o silêncio para não responder às perguntas dos parlamentares da comissão, Delgatti falou. Ele recebia cerca de R$ 3 mil para esse trabalho.
O “hacker da Vaza Jato” iniciou a CPMI resumindo parte da infância e juventude. “A minha intenção é contribuir com a sociedade e estou à disposição”, afirmou.
“Trabalho com TI, não terminei ainda a faculdade e precisava de internet para poder trabalhar. Nisso, aparececu uma oportunidade de a (deputada federal) Carla Zambelli de um encontro com o (ex-presidente Jair) Bolsonaro. Eu estava desamparado, sem emprego e ofereceram um emprego a mim”, destacou.
Delgatti também revelou como conheceu Zambelli: “Eu estava na cidade de Ribeirão Preto (SP). Vi a deputada e pedi para tirar uma foto. Conversando com ela, ela passou o celular dela, anotou o meu, e ela me chamou no WhatsApp.”
“Posteriormente, ela disse que havia uma oportunidade de emprego pra mim. Estive em Brasília, falei com o presidente e, logo em seguida, fiquei em Brasília. Vim trabalhar na parte de redes sociais do gabinete dela, nas redes dela. Ela me enviou a senha do site, das redes sociais, mas, logo em seguida, uma decisão do Moraes limitou as redes sociais dela”, contou.
A ALTERAÇÃO NO CÓDIGO-FONTE
Delgatti detalhou a primeira reunião com Zambelli e líderes do PL, partido de Bolsonaro. “Na primeira reunião, estávamos a Carla, o presidente do PL (Valdemar da Costa Neto), os meus advogados, o irmão da Carla Zambelli e eu. E o marido da Carla Zambelli também. O assunto era bem técnico, até que o Valdemar agendou essa reunião mais tarde com o marqueteiro da campanha. O Valdemar entrou em contato com o marqueteiro, e ele disse que, às 15h, ia comparecer no PL”, contou.
O hacker também comentou sobre um segundo encontro. “O marqueteiro disse que o ideal seria que eu falasse sobre a credibilidade das urnas. A segunda ideia era, no dia 7 setembro, eles pegarem uma urna e colocasse, um aplicativo meu. Registrar um voto e sair outro”, disse.
“O código-fonte é o código aberto. Compilado, ele vira apenas um, que é o que estava na urna. Quem tem acesso ao código-fonte antes de compilado consegue inserir linhas. O código-fonte obedece quem está criando ele. Eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu e inserisse essas linhas, que chamam de código malicioso”, destacou o hacker.
“Ele tem como finalidade enganar, colocar dúvidas na eleição. Eu criaria um código meu. A ideia dele era falar que a urna, se manipulada, sairia o mesmo resultado. Um código-fonte fake. Essa apresentação fake iria explicar à sociedade, a quem estivesse em 7 de setembro, que era possível aquela urna que eles veem na eleição imprimir outro voto. A ideia era essa”, revelou.
As investigações da Polícia Federal apontam que Delgatti teria sido contratado pela deputada federal Carla Zambelli, ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para prestar os serviços, que teriam o objetivo de beneficiá-lo nas eleições de 2022.
A parlamentar também teria articulado um encontro entre o então presidente e o hacker em agosto do ano passado, ocasião em que Bolsonaro o teria questionado sobre a possibilidade de violar as urnas eletrônicas.
A parlamentar também teria articulado um encontro entre o então presidente e o hacker em agosto do ano passado, ocasião em que Bolsonaro o teria questionado sobre a possibilidade de violar as urnas eletrônicas.
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*Feito com informações de Metrópoles.