Nesta semana, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) incluiu o Pará em uma lista de cidades e estados do país que receberão uma onda de calor, o que pode leverar a sensação térmica no estado a 40° graus, com temperaturas de 35° e 36° graus, de acordo com a entidade climática.
Os dias mais quentes do mês de agosto são hoje, 23, e amanhã, quinta-feira, 24. Nos próximos dias, a previsão é de que uma frente fria também passe pela região Sul, provocando queda de temperatura em todo o País. Essa mudança no clima também pode desencadear tempestades isoladas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Segundo o Coordenador do Primeiro Distrito de Meteorologia da Amazônia, setor do Inmet, Adriroseo Santos, a massa de calor deve pairar na região sul e sudeste do Pará, com variações média de 1 a 2 graus na temperatura. Enquanto que na região Centro-Oeste, Sul e Sudeste do país, o cenário deve ser mais agravado, com temperaturas subindo cerca de 5 graus.
“Aqui no Norte, a variação com essa massa de calor deve ser de 1 a 2 graus em média. No Sul e Sudeste essa elevação vai ser sentida com mais força. Agora, estamos saindo do inverno”, comentou Santos.
O Pará vive a chamada região equatorial, que popularmente conhecemos como verão e inverno amazônico.
Questionado sobre uma iminente crise climática devido ao calor, Adriroseo avalia que é uma real situação de crise climática.
“Essa onda de calor e de variações extremas nas estações de inverno, que chove muito, com grandes tempestades e ventanias. E no verão, com muita radiação e incidência solar, e forte calor, são efeitos do fenômeno El Niño, que acontece de forma cíclica, a cada sete, dez anos, além da influência de outros fatores, como o aquecimento das águas do oceano Pacífico e do Atlântico, também influenciados pelo fenômeno (El Niño). Realmente, este ano o El Niño está mais forte, provocando incêndios, como no Havaí e no Canadá. São mudanças climáticas drásticas, além do desmatamento na Amazônia e os efeitos estufa, entre outros fatores. Este mês de julho que passou, por exemplo, foi o mais quente dos últimos 40 anos no mundo, que teve aumento de 1 a 2 graus em média”, explicou.
AMAZÔNIA
Em relação à Amazônia em meio ao El Niño, o especialista do Inmet em Belém, afirma que na região amazônica, no Norte e Nordeste do Brasil, a dinâmica climática é muito peculiar.
“A nossa região amazônica tem a zona de convergência tropical, que no verão é naturalmente marcado por menos frequência de chuvas, e se acentua mais com a incidência do El Niño”.
A variação climática deste mês tem a ver com o fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, e que ocorre de cada cinco a sete anos, impactando diversos países, inclusive o Brasil. O El Niño contribui para estações de primavera e verão com temperaturas próximas ou acima da média dos 40°C, facilitando períodos prolongados de calor intenso.
ÁREA URBANA E CUIDADOS NESSE CALOR
Com muito calor nesse período recente, aliado à falta de chuvas, o coordenador do Inmet, destaca que arborização da cidade é fundamental para amenizar o calor e proporcionar sombra, ar fresco e uma boa brisa.
“Para amenizar o calor é fudamental a questão da arborização na área urbana de Belém. Essa onda de calor gera uma ilha de calor, e a presença das árvores cria sombra, proporciona uma brisa refrescante além da troca de gás carbónico por oxigênio para a atmosfera. Ajuda na precipitação das chuvas e eleva a umidade, não deixando ficar um clima seco. Tudo isso (os benefícios da arborização urbana), principalmente dianto dos efeitos do El Niño, é algo que ajuda a reduzir o calor e aliviar a temperatura nas cidades”, frisa.
Já que se vive momentos de altas temperaturas e muito calor, é válido pontuar os cuidados para a população das cidades em tempos de forte sensação térmica.
“Como cuidados nesse tempo de muito calor, sugiro a utilização de protetor solar por causa da alta radiação. Hidratação e ingerir muito líquido, água, sucos, é importante também. Cada um se refresca como pode né, muitos usam ar condicionado e ventilador. Se possível, é melhor que use ventilador, porque o gás do ar condicionado é um poluente do efeito estufa”, aconselha.
DADOS
De acordo com o coordenador, 23% das áreas verdes desmatadas do Pará, 8% são usadas pela agropecuária, e o segmento de fomento à agricultura familiar faz a diferença pois é um manejo sustentável ao meio ambiente, segundo observa Adriroseo.
Acerca da tendência climática para os próximos três meses, o especialista conta que é necessário observar o comportamento do fenômeno do El Niño, que deve seguir atuante até meados de maio de 2024.
“Sobre a previsão dos próximos três meses, temos que avaliar porque depende do comportamento e das temperaturas dos oceanos e da atividade do El Niño. Por exemplo, em dezembro, que tradicionalmente é de tempo chuvoso em Belém, pode ser enfraquecido pela influência do El Niño”, adiantou.
A Coordenação do Primeiro Distrito de Meteorologia da Amazônia do Inmet acompanha a climatologia em oito estados do país: Pará, Maranhão, Amapá, Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso.