A expulsão dos alunos da Universidade de Santo Amaro (Unisa), após a repercussão de vídeos em que aparecem nus durante jogos universitários, é considerada injusta pela advogada Clarissa Höfling.
À frente da defesa de dois dos estudantes, Höfling afirma que eles são “as verdadeiras vítimas” da situação. Segundo a advogada, os jovens foram obrigados a ficar nus durante o campeonato esportivo, que aconteceu em abril deste ano, em São Carlos, interior de São Paulo.
Essa obrigação se insere no contexto de hostilidade de veteranos contra os calouros, argumenta. Os recém-ingressados na faculdade são alvo desde imposição de vestimentas até agressões, ofensas e humilhações.
“Quem não participa é ridicularizado publicamente, é excluído de time”, diz a advogada, que afirma que, dentro da Unisa, os calouros que desejam se integrar ao meio universitário não conseguem se negar a praticar as condutas sob pena de serem ridicularizados e excluídos das mais diversificadas atividades acadêmicas, como atlética, treinamentos, times, jogos e festas, e sofrem consequências até na vida profissional.
Além disso, a defesa nega que tenha acontecido masturbação coletiva durante o evento, como apontavam usuários de redes sociais que compartilharam as imagens. “É falsa e completamente desvirtuada da realidade”, diz a advogada.
Höfling afirma ainda que fatos veiculados não são isolados, mas acontecem há anos nas universidades e estão ligados ao crescimento do bullying, síndrome de burnout e até mesmo “práticas de suicídio entre garotos e garotas dessa faixa etária”.
A defesa chama de lamentável a postura adotada pela Unisa de expulsar os alunos sem, segundo ela, uma apuração dos fatos pelas autoridades competentes e a punição dos verdadeiros responsáveis.
O argumento da defesa é confirmado por dois alunos da Unisa ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato. De acordo com os relatos, ficar nu é um dos trotes que costumam ser aplicados por veteranos aos calouros em diferentes cursos de medicina.