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Vídeo: polícia expulsa povo Xokleng de barragem em Santa Catarina; Justiça determina segurança aos indígenas

Ao longo deste final de semana a Polícia Militar de Santa Catarina atuou com repressão contra o povo Xokleng no Vale do Itají, onde duas barragens ameaçam se romper e os indígenas tentam avisar o governo do estado para atuar. As barragens ficam no município de José Boiteaux. As comportas do reservatório estavam intactas desde 2014.

Militares da PM de Santa Catarina e da Polícia Federal dispararam contra um grupo que se opôs à atuação armada. Segundo informações, um pequeno grupo de indígenas teria revidado e atacado um viatura da Defesa Civil do estado.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), três indígenas foram baleados e encaminhados ao hospital. O estado de saúde deles ainda não foi divulgado. 

Diante da situação, o coronel Fabiano de Souza, comandante geral do CBMSC, explica que o fechamento da barragem visa a preservar a segurança de milhões de pessoas que vivem logo apos a jusante da barragem.

“As terras indígenas, que ficam acima da barragem, assim como todo o resto do Estado, são afetados por conta de operação e naturalmente, mesmo sem a operação, com a elevação do nível do reservatório. As inundações provocam problemas para todo mundo, e nesse momento a gente precisa ajudar a todos, tanto indígenas como toda a população que reside após a barragem de José Boiteux”, traduz.

O comandante geral da PMSC, coronel Aurélio José Pelozato da Rosa, revela que, nas negociações com as lideranças indígenas para garantir o fechamento das comportas de José Boiteux, foram feitos pedidos, como ambulâncias, barcos, médicos e milhares de cestas básicas ao povo, e, segundo ele, todos foram “prontamente atendidos”. 

O conflito se concentrou, principalmente, na estrada onde está a central para a operação da barragem de José Boiteux.

De acordo com o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), via redes sociais, houve queima de pneus, formação de barreiras humanas, madeiras nas estradas, barricadas para tentar impedir o acesso à estrutura, e queima dos equipamentos onde estava o maquinário para fechar. Conforme Mello, os equipamentos já foram reconstituídos com a ajuda de mecânicos.

Mello afirma que foi feito um pedido para soldar o acesso a fim de que ninguém mais possa entrar para cometer “qualquer tipo de vandalismo”. Ele também evidencia que, na região, ainda chove continuamente e que o Estado passa por “momento difícil” e a situação deve se agravar até esta segunda-feira, 9.

Em nota oficial, O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) se manifestou sobre as ações em José Boiteux e, em nota, informou que está acompanhando a situação. No texto, o órgão diz que lamenta a violência e que mobilizou a Polícia Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) para garantir a segurança da comunidade.

O MPI ressaltou que há uma decisão judicial para o fechamento da barragem, inclusive em acordo com lideranças Xokleng, mas não houve o cumprimento da contrapartida por parte do Governo do Estado.

Acrescenta ainda que representantes do ministério e da Advocacia Geral da União (AGU) estão se deslocando para acompanhar de perto os desdobramentos.

Entre as determinações da Justiça estão:

  1. Desobstrução e melhoria das estradas;
  2. Equipe de atendimento de saúde em postos 24 horas;
  3. Três barcos para atendimento da comunidade;
  4. Ônibus para atendimento da comunidade até a cidade;
  5. Água potável na aldeia;
  6. Fornecimento de cestas básicas.


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