Um grupo de estudantes do Colégio Santo Agostinho, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, teriam utilizado inteligência artificial para criar nudes (imagens íntimas) de cerca de 20 alunas da instituição, segundo aponta a coluna Hugo Gloss, do UOL. As imagens foram compartilhadas em grupos de mensagens no WhatsApp. A Polícia Civil carioca já investiga o caso e instaurou um inquérito para apurar as denúncias dos pais das meninas.
Os supeitos são alunos do 7º ao 9º ano do ensino fundamental que teriam baixado um aplicativo para remover as roupas de fotos das meninas publicadas em redes sociais, e em seguida, enviado as montagens em grupos de mensagem. As idades das vítimas variam entre 14 e 16 anos.
“A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) instaurou procedimento para apurar os fatos. Todos os envolvido estão sendo chamados para serem ouvidos na especializada. Diligências seguem para identificar a autoria do crime e esclarecer o caso”, disse a Polícia em nota.
Já a direção do Colégio Santo Agostinho disse em comunicado enviado aos pais e responsáveis que lamenta o ocorrido, e à imprensa, disse o seguinte:
“O Colégio Santo Agostinho tomou conhecimento de que fotos alteradas de alguns de nossos alunos foram divulgadas por meio de aplicativos de mensagens. Atuamos no âmbito preventivo, promovendo a conscientização de atitudes e valores, a formação em assuntos ligados aos relacionamentos, convivência e violência, e intensificamos os momentos de rotina escolar para o aprendizado de algumas situações e desafios. Informamos que o Colégio está tomando todas as medidas necessárias à apuração cautelosa dos fatos e está adotando as medidas previstas no Regimento Escolar. Sabemos de nossa missão na educação e na formação integral dos nossos alunos, bem como sabemos da confiança de todos em nosso Colégio”, destacou.
Em entrevista ao O Globo, a mãe de umas das vítimas afirmou que um dos alunos que seria responsável pela divulgação das montagens disse que não seria punido “porque é branco e rico”. “As fotos começaram a ser divulgadas na última sexta. No entanto, não fizeram nada quando souberam. O sentimento é de impunidade.A minha filha descobriu a dela (a montagem do nude) no início da semana. As meninas estão tendo crise e ansiedade e chorando”, contou a mãe.
“Elas estão em semana de provas e não conseguem focar nos estudos. Esses alunos continuam na mesma sala delas e elas estão tendo que conviver. Eles tiraram sarro da situação. Eu soube que um deles afirmou que não seria punido “porque é branco e rico”. Eles sabem que é errado. São instruídos, mas parecem não temer”, completou.
INVESTIGAÇÃO
A Polícia já identificou alguns dos alunos envolvidos e disse que a partir da próxima segunda,6, vai ouvir novas vítimas, suspeitos de criar as montagens e funcionários da instituição.
“O foco da DPCA é os menores infratores, os adolescentes. Já temos alguns identificados. Já foram ouvidos vários pais, vários documentos produzidos estão sendo analisados. Na segunda-feira a gente começa a ouvir as pessoas do colégio, o diretor, os envolvidos, os professores, e a gente começa a ampliar a investigação. Estamos tratando como um crime grave, que precisa de uma apuração forte da polícia civil para dar uma resposta”, enfatizou o delegado à frente do caso, Marcus Braga.
Como os suspeitos são menores de idade, eles devem responder por ato infracional previsto no artigo 241-C do ECA: “Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica, por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual”. A pena em casos desta natureza é de um a três anos de reclusão mais multa.