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Vilma Nascimento, ícone da Portela, denuncia racismo em aeroporto de Brasília

Vilma fez história como porta-bandeira na escola de samba Portela desde os 13 anos de idade.

Vilma Nascimento, icônica porta-bandeira da escola de samba Portela, de 85 anos, e sua família, estão acusando um loja do aeroporto de Brasília, no Distrito Federal, de uma abordagem racista. Ela estava na cidade para ser homenageada na Câmara dos Deputados, um dia antes, para a celebração do Dia da Consciência Negra.

Seu neto, Bernard Nascimento contou ao G1 que a avó estava esperando um voo com filha Danielle Nascimento e entraram na loja Duty Free Shop. Ela tinha decidido comprar um refrigerante, andou pela loja, mas acaba não levando, momentos depois, ela retorna para a loja para então poder comprar a bebida. Durante o retorno, ela teria sido abordada por um segurança que pediu para checar sua bolsa em um lugar reservado.

Veja vídeo gravado pela filha que circula nas redes sociais sobre o momento da abordagem. Reprodução: X (Twitter).

Vilma teria ficado constrangida com a situação. A filha disse que comprou chocolates na loja antes, chegou a ser abordada mas afirmou que o pedido foi voltado para a mãe. A ex-Portela defendeu que só abriria a bolsa na presença da Polícia. Neste momento, a filha começa a gravar e pede que ela abra a bolsa pela aproximação do horário do voo e para ”evitar problemas”. No vídeo, ela pergunta se a mãe teria comprado algo, mas Vilma nega. “Mãe, não fala nada. Só faz o que ela está pedindo e depois a gente vê. Tira tudo da bolsa, mãe”, respondeu Danielle.

“Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada porque a revista foi no meio da loja na frente de clientes e outras pessoas. Foi muito constrangedor. Estamos tristes e traumatizadas até agora. Foi um absurdo! Cheguei a perguntar se ela estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor”, explicou a filha de Vilma em entrevista ao G1. A família da porta-bandeira diz que ela está abalada psicologicamente e que pretendiam realizar a denúncia nesta última quinta (23).

A Dufry Brasil divulgou nota afirmando reforço nos treinamentos e procedimentos internos após a situação. Reprodução: Dufry Brasil/Divulgação.

 A Dufry Brasil, empresa do Grupo Avolta onde a situação ocorreu, divulgou nota lamentando ”o incidente” e afirmou que a fiscal foi afastada do cargo e que o comportamento era ”abosolutamente fora do padrão”. A escola Portela, local em que Vilma se consagrou, repudiou a situação. “A luta por uma sociedade mais justa e humana passa pelo combate ao racismo”, comentou ela.