Desirrê Freitas, de 27 anos, revelou, durante uma entrevista na última quarta-feira, 6, detalhes do que aconteceu com ela quando vítima de tráfico humano pela paraense Kat Torres, coach, influenciadora, modelo e autointitulada bruxa e hipnoterapeuta brasileira.
Durante uma conversa com o portal “O Tempo”, a vítima revelou detalhes dos sete meses em que foi vítima do esquema. Além de trabalhar cerca de 14 horas por dia em boates de striptease, também era obrigada a bater a “meta” de 15 mil dólares com programas sexuais e limpar uma casa de cinco quartos.
COMO SE CONHECERAM?
Kat e Desiree começaram a fazer “consultas” por chamada em 2018, por meio do Skype, que a coach oferecia em um site. As consultas eram esporádicas, com valores entre U$ 100 e U$ 250, porém Kat teria procurado a cliente entre algumas consultas afirmando que se tratava de uma “voz” forçando novas reuniões.
Em 2022, Kat entrou em contato com Desirrê afirmando que precisava da cliente ajudando com a sua mudança, nos Estados Unidos. Segundo a vítima, a exotérica afirmou que se não fosse ajudada iria se matar, fazendo de chantagem emocional.
TRABALHO FORÇADO
Ao chegar nos EUA, Kat afirmou que não estava bem, que não poderia trabalhar e que precisava que Desirrê fizesse. Primeiramente Kat deu ideias de começar a vender produtos esotéricos porém logo chegou a sugerir que a vítima começasse a fazer striptease.
Foi também, a partir desse momento, que Kat passou a afirmar que Dezirrê estaria devendo enormes quantias de dinheiro, por conta dos gastos com alimentação e passagens compradas para os EUA.
“Ela falava que, se eu não pagasse, ela ia me amaldiçoar, e eu tinha medo, pois na casa, quando cheguei, tinha bruxarias em todos os lugares. Tinham crânios, velas”, afirmou a vítima.
Neste momento, a coach começou a estipular as “metas” de dinheiro arrecadado, sendo que por noite a diária de Desiree rendia cerca de mil dólares, porém com o passar do tempo a quantia foi aumentando, deixando apenas 2 horas de sono por dia para ela.
O FIM DO PESADELO
A situação teve fim apenas em outubro de 2022, quando a família de uma das vítimas de denunciar o caso nas redes sociais, e amigos de Desirê abriram um perfil nas redes sociais apontando ela como desaparecida. Kat passou a ser investigada e teve início uma fuga que durou até novembro, quando a polícia norte-americana prendeu a “influencer” e duas vítimas.
Desirrê afirmou ainda que, somente após um mês presa no país percebeu que era uma vítima e que deveria denunciar a pessoa que acreditava ser sua amiga. Atualmente, com o apoio de outras vítimas, ela escreve o livro “@SearchingDesirrê — Minha jornada pela liberdade”, contando mais detalhe sobre o que viveu.