Nesta sexta-feira, 15, lideranças indígenas realizaram um protesto contra uma reunião convocada pela Comissão de Desenvolvimento e Transporte do Senado, por meio do senador Zequinha Marinho (PL) sobre o Ferrogrão, em Novo Progresso.
O cacique-geral da Terra Indígena Menkragnoti, Patkore Mekrãgnotire, e a cacique Irleusa Apiaká, do povo Apiaká, da região do médio Tapajós, se dirigiram ao parlamentar para cobrar o cumprimento de consultas prévias aos povos tradicionais de regiões que serão afetados por projetos de infraestrutura. Patkore lembrou que o povo Kayapó exige a consulta desde 2017, quando surgiu o projeto Ferrogrão.
Irleusa também cobrou Zequinha e todos que participavam da reunião. “Vocês sabem o que significa etnia? São povos indígenas. Nós exigimos que respeitem nosso protocolo de consulta. Nós nunca fomos ouvidos”.
A ferrovia Ferrogão visa interligar o Porto de Mirituba, no Pará, ao município de Sinop, no Mato Grosso, cruzando uma unidade de proteção integral. A via férrea seria uma alternativa para a BR-163, iniciada na década de 70, para ligar os dois estados. Para o setor agro, a ferrovia terá capacidade de escoar cargas de soja, milho e algodão produzidas no Centro-Oeste do Brasil, servindo como uma espécie de ‘esteira’.
As condicionantes indígenas do projeto, impactadas pelo empreendimento, destinadas a reduzir impactos negativos, se restringiam ao período de construção e os Kayapó Mekrãgnoti, que vivem na área de influência da BR-163 (cujo traçado é próximo à Ferrogrão) reivindicavam o processo de consulta ao Ministério dos Transportes desde 2017, o que ainda não foi atendido.