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Artista venezuelana foi estuprada e queimada antes de ser morta

Diversas entidades artísticas e movimentos sociais manifestaram pesar pela morte da artista venezuelana Julieta Hernández Martínez, 37. No Brasil desde 2015, ela se apresentava como palhaça Jujuba em diversas partes do país e integrava o grupo de mulheres que viajam de bicicleta Pé Vermei.

O corpo da artista foi encontrado no sábado, 6, no município de Presidente Figueiredo, no Amazonas. Ela teria sido 3stupr@d4 e teve o corpo queimado. Julieta viajava em direção à Venezuela para encontrar a família. Ela estava desaparecida desde 23 de dezembro. Amigos e ativistas fizeram uma campanha para tentar localizar a artista.

Pelas redes sociais, foi informado que o valor arrecadado será, agora, usado para cobrir os custos do translado do corpo ao país de origem. A Polícia Civil do Amazonas prendeu um casal suspeito de matar a artista venezuelana.

O CRIME

A Polícia Civil do Amazonas afirmou que a artista Julita Inés Hernandez Martinez foi estuprada e queimada. O casal que havia sido preso confessou o crime. Thiago Angles da Silva, de 32 anos, teria sido o mentor de tudo. Antes de cometer o crime, ele passou três dias usando crack. Em 24 de dezembro, enquanto Julieta dormia na rede em uma pousada, Thiago foi em sua direção com uma faca na mão.

Ele imobilizou a vítima e a namorada dele, Deliomara dos Anjos Santos, 29 anos, amarrou os pés da artista. A princípio, eles iam roubar o celular da venezuelana, assim como a bicicleta dela.

Julieta era a única hóspede da pousada em que estava naquela noite e o casal se aproveitou da situação para estuprá-la na cozinha do local. Segundo depoimento de Deliomara, Thiago usou uma faca para obrigar a viajante a fazer sexo oral nele.

Tomada por ciúmes, Deliomara jogou álcool em Thiago e na vítima e, em seguida, ateou fogo em ambos. Thiago chegou a apagar o fogo no corpo de Julieta, mas aplicou uma gravata na artista, que desmaiou. Em seguida, o agressor foi procurar ajuda no hospital, pois estava com queimaduras no pescoço e tronco.

Julieta foi arrastada por 15 metros por Deliomara até ser enterrada em uma cova rasa. A mulher colocou lixos em cima para disfarçar. Quando o corpo foi encontrado, o estado de decomposição estava tão avançado que não foi possível identificar as queimaduras ou a hora da morte.

De acordo com a polícia, a artista venezuelana pode ter morrido após a gravata de Thiago ou porque foi enterrada viva. Não é garantido que a perícia conseguirá identificar a causa da morte.

ENTIDADES LAMENTAM A MORTE

Neste final de semana, a Fundação Nacional de Artes (Funarte) divulgou uma nota em que lamenta a morte da artista. “É com tristeza e indignação que recebemos a notícia da morte da bonequeira, palhaça, artista e cicloviajante, Julieta Hernandez. 

Com toda alegria e irreverência, Julieta viajava com sua arte conduzindo crianças e adultos ao mundo circense e por isso, sempre será lembrada. Inquieta em relação à desigualdade de gênero, sua busca por equidade é uma inspiração para todas nós”, declara a presidenta da Fundação, Maria Marighella, no comunicado. A Funarte informa ainda que, junto com o governo do Amazonas, está acompanhando os desdobramentos da investigação e presta apoio à família.

Nas redes sociais, o coletivo Pé Vermei divulgou nota: “Queria poder dizer que Ju se encantou nas estradas de uma forma bem poética, bem Julieta. Mas a verdade é que nossa amiga foi mais uma vítima de feminicídio. Quero agradecer a essa rede todinha que está se mobilizando, foi graças a todo esse movimento coletivo que ela foi encontrada”.

O grupo de palhaçaria feminista Circo di SóLadies também expressou pesar pela perda da artista. “Jujuba, infelizmente não encontramos você a tempo. Tudo isso nos mostra o quanto somos pequenos diante de tamanha brutalidade. Mas você, com sua gigante grandeza contida em seu nariz, nos ensinou que é preciso ter a coragem para seguir pedalando. Nos resta a memória do seu sorriso e sua vontade de viver”, diz a nota publicada na rede Instagram.