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Conheça Dona Nena, ribeirinha que criou o famoso chocolate da ilha do Combu

Não é o Willy Wonka, mas faz mágica com chocolates produzidos do cacau da Amazônia e que se tornaram famosos internacionalmente. O BT entrevistou a criadora da “Casa de Chocolate Filha do Combu”, Izete Costa, mais conhecida como Dona Nena – uma das ‘Figuras da Amazônia’.

Ela topou uma conversa super descontraída com a jornalista Mary Tupiassu sobre a forma  de preparo e da história que tem com o cacau presente na ilha.

Mary perguntou sobre a história de Dona Nena com o ingrediente que é a base de suas produções e a empreendedora afirmou que é uma relação de longa data:  

“Aqui a gente tem muitas lembranças, em relação ao cacau eu lembro muito da gente descendo do igarapé, meu pai tinha um terreno distante, descíamos e a gente sentava no monte comendo o cacau”, afirmou. 

UM NOVO NEGÓCIO? 

“Comecei a trabalhar com cacau, manipulando, acho que em 2006 e o impacto das pessoas foi de saudosismo. ‘olha a mamãe fazia, a vovó fazia’”, afirmou Nena, mas nem tudo são flores já que para colocar a produção no comércio ela encarou outro desafio.

“Quando eu comecei era feito no pilão, porém foi uma barreira que a Anvisa proibiu de levar para a feira por conta de ser feito em um pilão de madeira”, explicou Nena. 

Com a barreira feita, a ribeirinha precisou pensar em uma nova forma de produzir o chocolate: “primeiro eu queimei alguns liquidificadores, porque na primeira vez dava, mas na segunda explodia até que eu lembrei que tínhamos um moinho de cereal em casa para moer milho e arroz para mingau”

A empreendedora arriscou com o que tinha e comprovou o resultado: “Deu tão certo que eu não precisei colocar o açúcar, meu pai dizia que ele só ia ficar compactado se colocasse açúcar, mas com o moinho eu conseguir que ele soltasse bem a manteiga e colocar na folha ele ficou bem consistente”, afirmou. 

QUANDO EXPLODIU?

 Para a jornalista Mary Tupiassu, dona Nena afirmou que o estouro do chocolate veio após uma visita do chef Thiago Castanho, que notou a diferença do produto: “O Thiago Castanho, chef de cozinha, veio para ajudar a refinar meu cacau… Só que quando ele chegou aqui se apaixonou pela forma que eu fazia”, afirmou a empreendedora. 

“Então ele levou pra fazer alguns testes e ver de que forma ele poderia me ajudar, mas quando ele voltou pediu para eu não mudar o produto porque eu estava com um produto de qualidade e diferente no mundo”, completou. 

O SABOR MÁGICO

Sobre a produção, Nena falou sobre como o sabor diferenciado vem de um cultivo totalmente natural: “O sabor desse chocolate é em função dessa floresta desse ecossistema que rodeia ele. Não temos nenhum tipo de adubação, a maré tá subindo, tá irrigando e molhando todos os nutrientes que estão lá e é isso que faz nosso chocolate ser delicioso que dizem ser um terruá inigualável”. 

A busca em melhorar a marca veio após a repercussão nacional que o produto teve chamando atenção e olhares de diversas pessoas de fora e decidiu  investir em um espaço de produção para os chocolates: “Vários chefes famosos de São Paulo e do Rio queria vir aqui conhecer e via que era só minha casa e foi aí que eu comecei a me preocupar com o espaço, com a produção”. 

Em 2019, Nena se formou e se tornou chocolatier profissional e, atualmente, possui loja digital além de uma filial em Belém consagrada como um dos sabores da Amazônia. 

Confira a entrevista completa: