Torcedor do Confiança, o jovem João Antônio Lima, de 23 anos, recentemente denunciou uma abordagem constrangedora por parte da Polícia Militar durante uma partida de futebol no Estádio Lourival Batista, em Aracaju, no último sábado, 13, durante um jogo de futebol entre o time dele e o rival Sergipe.
O relato do torcedor
“Parece um delinquente, um foragido, mas esse aí sendo conduzido pela polícia sou eu. Deu o intervalo do jogo e eu me sentei para mexer no celular. Cinco minutos depois, cinco policiais vieram e eu dei passagem para um lado. Eles vieram em minha direção mais ainda, até que o primeiro pegou no meu braço e disse para eu não reagir, me ‘convidando’ a acompanhá-los com as mãos para trás, como mostra no vídeo. Fiquei altamente constrangido, tentando esconder o meu rosto. Não sabia o que fazer, pois estava a torcida do Confiança inteira me olhando (conhecidos e desconhecidos)”, escreveu o torcedor.
De acordo com o relato, durante o intervalo do jogo o personal trainer estava na arquibancada com amigos e seu irmão de 16 anos quando foi abordado pelos policiais com base em reconhecimento facial por câmeras de segurança. O advogado do torcedor questionou a maneira como a condução foi feita.
Segundo a defesa, a abordagem poderia ter sido realizada com mais discrição. Ele argumentou que não era necessário conduzir o jovem pelo meio dos torcedores até uma sala para verificar sua identidade, especialmente considerando que o procedimento de confirmação foi rápido e realizado apenas com um tablet. Ele contou ainda que o irmão do personal ficou extremamente preocupado com a situação.
A defesa ainda afirmou que tomará medidas administrativas e judiciais, buscando reparação pelos danos causados durante a abordagem.
Incidentes Anteriores
Este não é o primeiro incidente desse tipo com reconhecimento facial em Sergipe. Em novembro do ano passado, durante o Pré-Caju, uma mulher também relatou truculência por parte da polícia após ser confundida com uma foragida.
Na ocasião, a mulher foi abordada duas vezes por policiais civis e militares durante o cortejo que aconteceu na Orla da Atalaia, em Aracaju.
Posicionamento da Polícia e do Governo
A Polícia Militar defendeu a abordagem como parte do procedimento padrão, afirmando que o homem foi liberado assim que sua identidade foi confirmada como não correspondente à pessoa procurada. O assessor de comunicação da PM, tenente-coronel Jota Luiz, destacou a importância do sistema de identificação facial para a segurança pública.
Por outro lado, o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, reconheceu a falha na utilização da ferramenta de reconhecimento facial durante o evento esportivo e anunciou a suspensão do sistema até a implantação de um novo protocolo.