Os intensos temporais que assolam o estado do Rio Grande do Sul têm despertado solidariedade em todo o Brasil. Mais de 320 dos 496 municípios gaúchos foram duramente atingidos por inundações, deslizamentos de terra e tempestades, afetando quase um milhão de pessoas. Entretanto, essa situação gera sérias preocupações em outras regiões do país, como na capital paraense, que, por ser banhada por rios e apresentar problemas de saneamento básico precário, está atenta aos desdobramentos do desastre.
De acordo com meteorologista José Raimundo Abreu, Belém, embora experimente volumes consideráveis de chuva, não enfrenta os mesmos riscos que Porto Alegre devido à sua geografia favorável. Abreu explica que Belém registra índices pluviométricos significativos nos meses de fevereiro, março e abril, com mais de 500 milímetros de chuva por mês na região metropolitana. No entanto, ele tranquiliza a população, afirmando que as características planas da região impedem inundações graves. Em contraste, ele destaca a situação de Porto Alegre, onde múltiplos rios convergem para o Rio Guaíba, contribuindo para inundações mais intensas.
“Em Belém, se ocorresse uma situação semelhante à do Rio Grande do Sul, o problema principal seria a falta de drenagem adequada”, afirma José. “Grande parte das áreas baixas de Belém poderia ficar inundada temporariamente, mas devido à falta de grandes contribuições de áreas circundantes, assim que as chuvas cessassem, a água escoaria naturalmente”.
Qual a relação da Amazônia com as inundações?
Em relação à influência da Amazônia nas chuvas que castigam Porto Alegre e o RS, José Raimundo destaca que a umidade que sai do bioma chega ao sul com força.
“Amazônia, ela contribui também para as chuvas de Porto Alegre, porque a umidade entra pela cidade. Aqui, em Belém, ilha do Marajó, a região litorânea do Pará e aí até o Amapá, as instabilidades e a umidade entram por essas regiões e se propagam para o oeste, chegando na cordilheira dos Andes. Faz a curva e vai aumentar a umidade e contribuir para aumentar as nuvens e as tempestades severas do Rio Grande do Sul. Ou seja, a Amazônia contribui para as chuvas muito daquela região, enquanto que aqui em Belém, eu diria que pouco está influenciando. Para que ocorra numa situação adversa tão negativa quanto a que ocorreu em Porto Alegre”, ressalta.
Como ajudar?
Uma rede de solidariedade formada por amigos e empresários está recebendo doações de diversos itens que serão enviados na próxima quarta, 8. O grupo está recebendo alimentos não perecíveis, itens de higiene pessoal, água, cobertores, lençol, roupas, medicamentos, itens para curativo, cestas básicas, ração para animais, entre outros, sem restrição. A iniciativa não tem fins lucrativos e não aceita doações em dinheiro nem via PIX.
Os pontos de coleta estão fixados nos seguintes locais e recebem as doações de 8h às 18h:
- Colégio Marista, na avenida Nazaré, em Belém;
- Posto Antunes, na Rua dos Pariquis;
- Edifício Torre Umari, na travessa Dom Romualdo de Seixas, Nº 1500;
- Rede de Postos Pombal, em Ananindeua, Marituba, Benevides, Castanhal e Paragominas;
- Pontos em Belém, da Rede Uata e Jurunense;
- Vise Corretora de Seguros, na Rômulo Maiorana, Nº 209, entre Antônio Barreto e travessa das Mercês.
Todo o material arrecadado será transportado em uma carreta fornecida pela transportadora paraense HAAS. A organização da rede de solidariedade conta com os esforços de cerca de 12 empresas em Belém e espalhadas pelo Pará. No dia 8, quarta-feira, as doações se encerram às 18h, e em seguida, a carreta segue em direção ao Rio Grande do Sul, com o apoio da Defesa Civil nacional e da Cruz Vermelha Nacional.