O técnico agrícola, Geraldo Magela de Almeida Filho, foi absolvido nesta segunda-feira (7) pela 4ª Vara do Tribunal do Júri de Belém. Segundo a Polícia Civil (PC), ele foi acusado de participar da morte de Alberto Xavier Leal, conhecido por “Cabeludo” no município de Anapu, no nordeste do Pará, e foi um dos envolvidos na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang.
De acordo com a PC, um grupo de agricultores revoltado com o assassinato de Dorothy Stang foi até o local onde estava Alberto Xavier Leal e, ao chegarem lá, um dos agricultores efetuou disparos contra a vítima, pelas costas. O crime aconteceu no mesmo dia em que o assassinato da missionária, em 12 de fevereiro de 2005.
O julgamento de Geraldo Magela ocorreu de forma remota. Em depoimento, negou a autoria do crime e relatou que a denúncia contra ele foi feita como forma de represália por parte do delegado. Magela ainda informou que denunciou à polícia a pistolagem em Anapu, e a expulsão de assentados e dos técnicos agrícolas que prestavam apoio aos projetos de desenvolvimento sustentável.
O réu relatou que houve omissão da Polícia Civil e, em defesa, o delegado que atuava na região dos acontecimentos alegou que não havia efetivo para acompanhá-los até o assentamento.
O promotor de justiça, Reginaldo César Álvares, sustentou a acusação contra o técnico agrícola Geraldo Magela, porém sem qualificadora. A decisão final dos jurados foi de absolver o réu como acusado de homicídio, acatando a tese da defesa de negativa de autoria.
O ASSASSINATO DE DOROTHY STANG
Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã Dorothy, fazia parte da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur. Ela foi assassinada em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos, em Anapu, no sudoeste do Pará. A irmã trabalhava junto às comunidades do município, atuando em projetos de desenvolvimento sustentável.
O Ministério Público revelou que o assassinato da ativista foi encomendado pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos e Regivaldo Galvão, que contrataram Amir Feijoli da Cunha para executar a missionária. Ele foi condenado a 18 anos de prisão por ter sido intermediário do crime.
O assassino confesso de Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales, foi condenado a 27 anos de prisão, mas deixou o regime fechado e cumpre prisão domiciliar desde 2013. Clodoaldo Carlos Batista, acusado de ser cúmplice de Sales, foi condenado a 17 anos de prisão e hoje está foragido desde 2011 após sair da Casa do Albergado, em Belém.
O motivo do crime ter ganhado tanta repercussão mundialmente foi pelas causas que a missionária acreditava e defendia: os direitos humanos e a reforma agrária, em um local onde as duas pautas são contrárias ao que acontece na região.