///

Advogado é premiado por atuação em defesa de comunidades tradicionais na Amazônia

O advogado Jorde Tembé foi premiado nesta quarta-feira, 7, na 1° Jornada Internacional de Direitos Humanos da OAB do Pará, em solenidade no centro de Belém. O prêmio “José Carlos Castro” é uma homenagem pelo destaque nos esforços de pesquisa em Direitos e Defesa dos Direitos Humanos na Amazônia.

Jorde têm 26 anos, é de origem indígena, da etnia Tembé, situada em Tomé-Açu, região nordeste do Pará, e atua há pouco mais de um ano prestando assessoria jurídica para movimentos sociais. “Atendo a região do Vale Acará, dentro de movimentos sociais, em que estão quatro associações indígenas e algumas comunidades ribeirinhas e quilombolas”, contou.

Jorde Recebeu o prêmio na tarde desta quarta-feira, 7, em Belém. Imagem: Reprodução.

Tembé é formado em direito pela Universidade Federal do Pará (UFPA), faz parte da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados e foi o primeiro indígena com registro e inscrição na OAB-PA. Ele se disse surpreso com a premiação. “Eu não esperava, em tão pouco tempo de advocacia, receber esse prêmio importante dentro da classe. Isso me traz um sentimento de que eu estou no caminho certo, de que através do direito, é possível promover a defesa das populações tradicionais. Com o recebimento desse prêmio eu me sinto muito realizado. Simbolicamente é a valorização minha e da minha comunidade”, agradeceu.

Jorde Tembé é o primeiro advogado de origem indígena registrado na Ordem dos Advogados do Brasil do Pará. Imagem: Reprodução.

O prêmio é uma forma de incentivar e fortalecer o trabalho com foco nos direitos humanos e defesa de comunidades, e sobretudo à violação de direitos humanos na Amazônia.

“O resultado da minha atuação reafirma a necessidade de fomento para as minorias. Há anos atrás, nós não tínhamos nenhum quilombola, indígena, ribeirinho, representados nessa classe (advogados), para defender seus povos e a Amazônia. Isso é muito bom”, afirmou.

Por fim, o advogado especialista em processo penal, lembra que o prêmio é uma forma de jogar luz para a realidade de muita tensão e perigo para as comunidades tradicionais que lutam para garantir sua segurança e preservação dentro da floresta.

“Vivemos tempos de enfraquecimento das instituições públicas que deveriam proteger os povos tradicionais e resguardar seus direitos. Minha atuação tem sido no sentido de ajudar as comunidades a fortalecer sua autodeterminação. Na Amazônia temos altos índices de criminalização de lideranças como mecanismo de desarticulação dos movimentos sociais. E nisso, eu intervenho para defendê-los em demandas criminais. Sobre os conflitos agrários, venho buscando aplicar mediações nas áreas conflituosas para reduzir as tensões”, finalizou Tembé.