Uma operação do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o devido apoio do Grupo de Atuação Especial de Inteligência e Segurança Institucional (GSI), do Ministério Público do Estado do Pará, em auxílio à 2ª Promotoria de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial de Belém, prendeu provisoriamente uma advogada e um advogado bacharel em direito, suspeitos de praticarem crimes contra bancos e instituições financeiras, povocando rombos de R$ 30 milhões na capital, obtendo vatagem ilicita e enriquecimento.
Segundo a operação, entre os possíveis crimes praticados, estão: crimes de associação criminosa, estelionato, falsificação de documento público e lavagem de dinheiro. Além das prisões, as equipes também cumpriram mandados de busca e apreensão pessoal e domiciliar e bloqueio de contas decretados pelo Juízo da Vara de Inquéritos de Belém. Os alvos são diversos agentes particulares que atuam aplicando estelionatos milionários contra instituições financeiras.
DESVIO DE R$ 30 MILHÕES
Segundo a investigação, apesar de existir evidências de que grupo criminoso tenha aplicado golpes em diversas entidades financeiras, alcançando mais de 30 milhões de reais só na praça de Belém, diante da multiplicidade de agentes e condutas criminosas e da complexidade dos fatos em apuração, os Promotores de Justiça delimitaram o objeto da investigação, no sentido da obtenção de vantagem ilícita por parte da empresa constituída pelos investigados em prejuízo de duas instituições financeiras.
Esse prejuízo alcançou onze milhões de reais e uma das instituições bancárias apresentou representação formal contra os investigados perante o Juízo da Vara de inquéritos de Belém.
COMO O GOLPE FOI FEITO?
Para o Gaeco, os advogados constituíam uma empresa com o intuito de atuar no mercado da construção civil. Apresentavam aos bancos certidões vintenárias (documento que reúne informações de registro em cartório dos últimos 20 anos de um imóvel) falsas e com esse documento conseguiam empréstimos milionários.
Os bancos só perceberam o golpe quando as parcelas começaram a vencer e não foram pagas. Ao tentar executar a garantia, descobriram que o imóvel jamais pertenceu à empresa beneficiada com o financiamento. E para dar legitimidade ao crime, os advogados alugavam escritórios de luxuoso em prédio comercial caro na capital. Os gerentes bancários os visitavam e se impressionavam com a “riqueza” da empresa. O que pode ter facilitado a liberação do valor do financiamento sem adotar maiores cuidados e garantias.
A Caixa Econômica Federal não caiu no golpe porque pediu informações do imóvel apresentado pelo grupo criminoso diretamente ao Cartório de Registro de Imóveis do 2ª Ofício de Belém, tendo obtido a resposta de que a certidão era falsa. Assim, a atuação da associação criminosa veio à tona, tendo suscitado comentários no âmbito da sociedade local, haja vista envolver membros de uma família de grande destaque na cena belenense.
QUEM SÃO OS ADVOGADOS PRESOS?
Conforme apurado junto à investigação do Gaeco, do Ministério Público do Pará, os advogados Giseanny Valéria Nascimento da Costa e Diego Kós Miranda, são suspeitos de terem aplicado golpes milionários em Belém e São Paulo, com documentos falsos, obtendo empréstimos de instituições financeiras.
Os prejuízos gerados em Belém somam R$ 30 milhões. Foi solicitado o bloqueio das contas de ambos e eles são investigados por crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, estelionato e falsificação de documentos. No sistema do Poder Judiciário, o nome de Giseanny Valéria da Costa aparece em 14 processos, com maioria no Tribunal de Justiça do Pará. Enquanto que Diego Kós Miranda é mencionado em dois processos, no TRT8 (Tribunal Regional do Trabalho da 8° região, contemplando Pará e Amapá) e Tribunal de Justiça de São Paulo.
Sobre a situação dos dois perante a Ordem dos Advogados do Brasil, no Pará, o BT pediu um posicionamento à entidade. Em nota, a OAB-PA disse que a operação foi acompanhada pela Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB-PA, em todas as buscas e apreensões e prisões efetuadas que envolveram advogados para resguardar as garantias estabelecidas pela legislação, especialmente o Estatuto da Advocacia (Lei nº 9.606). De acordo com suas atribuições, a Ordem instaurará o procedimento administrativo ético disciplinar necessário para apurar os fatos.
OSTENTAÇÃO NAS REDES SOCIAIS
Diego Kós Miranda e sua esposa, Yasaman Kós Miranda, que também é investigada na operação, ostentavam luxuosas viagens ao exterior, como Dubai, Nova York, Aruba, e no La Mamounia, no Marrocos, que é um dos hotéis mais luxuosos do mundo, com diárias de até R$ 65 mil e 200 quartos. Um dos lugares mais badalados entre artistas e celebridades do mundo todo.