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Água avança e “geleira do juízo final”corre risco de derreter; entenda

A grande geleira Thwaites, conhecida como “Geleira do juízo final”, localizada na Antártida, corre maior risco de derreter, surpreendendo cientistas do mundo todo.

Isto porque, a água salgada e quente que passa por quilômetros abaixo dela, está avançado de forma mais severa, o que torna o derretimento mais agravante, segundo uma pesquisa que fez uma espécie de raio-x da geleira gigante.

À medida que a água salgada e quente do oceano encontra o gelo, está causando um derretimento por baixo do glaciar e pode significar que as projeções globais de aumento do nível do mar estão sendo subestimadas, de acordo com o estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences.

O glaciar Thwaites, na Antártida ocidental – é apelidado de “geleira do Juízo Final” porque o seu colapso pode causar um aumento catastrófico do nível do mar.

A geleira Thwaites, na Antártida. Reprodução: Nasa.

A geleira, que já contribui com 4% do aumento global do nível do mar, contém gelo suficiente para elevar um aumento do nível do mar de cerca de 3 metros – uma catástrofe para as comunidades costeiras do mundo.

GELEIRA EM RISCO REAL?

De acordo com o estudo, água quente do oceano ganhou acesso às cavidades de geleiras devido ao aumento da intensidade de ventos vindos do oeste. Esses ventos, por sua vez, são resultado da combinação entre o rápido aquecimento global e o esfriamento da segunda camada da atmosfera na Antártida.

“Elevação” da superfície da geleira. Então, a água acumulada nas cavidades e dutos da geleira cria pressão suficiente para elevar os blocos de gelo.

OUTRA PREOCUPAÇÃO

Outro ponto de preocupação é que a água salgada precisa de uma temperatura mais baixa para congelar do que a doce. Apesar da diferença não ser grande — a água doce congela a 0ºC enquanto a salgada a -2ºC —, ela é suficiente para provocar grande derretimento das geleiras.

Uma visão do movimento das marés na geleira Thwaites, na Antártica. Reprodução / Universidade de Califórnia e Universidade de Waterloo

Os pesquisadores reuniram dados de março a junho de 2023 pela missão de satélites comerciais da Finlândia, ICEYE. A frota de satélites da missão forma uma constelação na órbita polar ao redor do planeta. Com a ferramenta, os pesquisadores puderam obter dados em longo prazo. Antes disso, eles tinham apenas informações esporádicas.

Com os novos recursos, foi possível concluir que a geleira apresenta um recuo de 0,5 km por ano. O dado é consistente com os 0,6km/ano observados entre 2010 e 2011 e é metade da taxa observada entre 1992 e 2011, de 1 km/ano.

Os pesquisadores ainda não sabem quanto tempo pode levar até que a intrusão de água na Thwaites se torne irreversível. Eles pretendem aprimorar os modelos para poder predizer se é questão de décadas ou séculos.

HISTÓRICO

Em 2019, uma pesquisa da Nasa encontrou uma caverna de 300 metros de altura que crescia no centro da geleira. O buraco era grande o suficiente para caber 14 bilhões de toneladas de gelo — mas a maior parte dele havia derretido apenas nos últimos três anos.

A ONU (Organização das Nações Unidas) alertou que o aumento do nível do mar significa uma sentença de morte para os países mais vulneráveis a esse crescimento. Quase 900 milhões de pessoas vivem em áreas costeiras baixas. “Comunidades baixas e países inteiros poderiam desaparecer, o mundo testemunharia um êxodo em massa de populações inteiras em escala bíblica e a competição por água doce, terra e outros recursos se tornaria cada vez mais acirrada”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

*Com informações de UOL.

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