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Alunos da Ufra: em ato, familiares e comunidade acadêmica pedem por justiça

No próximo dia 7 de maio, domingo, familiares, amigos e a comunidade veterinária acadêmica vão realizar um ato público na praça da República, em Belém, a partir das 8h, para cobrar celeridade da Justiça do estado na punição ao responsável por provocar o acidente na Alça Viária, em 16 de fevereiro deste ano.

Acidente este que tirou a vida dos jovens Camille Samara da Silva Monteiro, João Lucas da Graça Andrade Costa, Tainá Oliveira Beckman, que estavam concluindo o curso de medicina veterinária na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), e André Augusto do Nascimento Mendonça, que era professor da instituição. Os quatro estavam de carro, a caminho da fazenda Minerva, em Abaetetuba, para realizar práticas do curso com animais da fazenda.

“Esse ato tem o objetivo de cobrar celeridade do Ministério Público e da Justiça que acatem o resultado do inquérito policial que pediu a prisão preventiva do bombeiro que dirigia o carro que provocou o acidente. Agora em maio vai fazer três meses e queremos justiça. Esse tempo que passa é perdido pra gente (família) enquanto que ele (o motorista) ganha esse tempo pra se livrar do que ele fez. A prisão dele é clara. A gente sabe que julgamento demora na justiça, e todo esse lapso de tempo favorece ele. Queremos que ele seja preso”, explicou ao BT Jeane Costa, mãe do jovem João Lucas da Graça Andrade, de 23 anos, vítima do acidente e que se formaria em veterinária em dezembro deste ano.

A quem Jeane se refe é Kleyfer Paula Nogueira, 39 anos, cabo do Corpo de Bombeiros, que dirigia uma caminhonete modelo Hillux, que teria provocado o acidente. Outros dois bombeiros estariam com Kleyfer dentro do veículo.

“Eles estavam retornando de uma operação em Tailândia nessa Hillux, que é um veículo alugado pela secretaria de meio ambiente, mas que foi cedido para os bombeiros. Eles voltavam antes do tempo dessa operação porque estavam com pressa de voltar para Belém porque era véspera de carnaval. Então ele estava em alta velocidade, e fez ultrapassagens proibidas, além de andar no acostamento e na pista de rolagem de forma irregular. Ele ultrapassou dois caminhões bitrem e uma fiat strada. Os bitrens tem quase 30 metros de comprimento. Aí você imagina a velocidade dele”, afirmou Jeane.

Segundo a mãe de uma das vítimas, o condutor, bem como os outros três bombeiros, fugiram e não prestaram socorro. “Os três são bombeiros e socorristas, mas fugiram e quando voltaram ao local do acidente, passaram direto para Abaetetuba. O acidente foi por volta de 19h e eles voltaram era 22h. Não prestaram socorro. E nesse tempo ele deve ter recebido auxílio de advogado para se apresentar na polícia e dar a versão. Tanto é que no depoimento ele não disse que estava no acostamento e na pista de rolagem irregular. Ele usou o direito de ficar calado e usou advogado. Então ele ganhou tempo, e continua ganhando. Teve um lapso de tempo entre o acidente dele e o depoimento na polícia, e esse tempo que passa é perdido pra gente, que já perdemos os nossos filhos. O carro ainda não foi periciado. O IML ainda não disse a causa da morte deles (os quatro jovens)”, contou Costa.

COMO FOI O ACIDENTE?

Segundo relata a mãe de um dos estudantes vítima na tragédia, a hillux que o bombeiro Kleyfer estaria conduzindo, ultrapassou três veículos, sendo duas carretas e um fiat strada, na altura do quilômetro 58 da rodovia PA-483.

“Tainá vinha dirigindo o carro, eles (os bombeiros) vinham na Hillux no sentido oposto em alta velocidade e ultrapassaram três veículos. Quando ele viu o carro dos meninos ele jogou para o acostamento, e a Tainá fez o mesmo para evitar o acidente. No que ela viu que ele também jogou (o carro) para o acostamento, ela jogou de novo para a pista, mas perdeu o controle, e aí o carro (com os quatro) capotou e atingiu o caminhão. O motorista da carreta quebrou a perna no choque. E nisso, eles seguiram embora pra Belém ( a Hillux que provocou a tragédia) e não prestaram socorro. Então quqremos celeridade e justiça. Também queremos que o corpo de bombeiros fale se esse bombeiro ainda segue na corporração, se ele foi expulso, se ele ainda dirige. Porque é um perigo para a sociedade”, detalhou Jeane.

O BT entrou em contato com a Polícia Científica, Tribunal de Justiça do Pará, Ministério Público do Pará e Corpo de Bombeiros sobre o caso e aguarda retorno.

O Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) informou que só se manifesta quando for provocado pelo Ministério Público, que aprecia a denúncia e avalia os elementos para decidir se pede a prisão do condutor ou toma outra decisão. Até o momento, Kleyfer está na condição de indiciado pela Polícia Civil.

A Polícia Civil por suas vez, respondeu informando que “à época o condutor do veículo foi autuado por homicídio doloso. O inquérito que investiga o caso foi concluído, protocolado e remetido à justiça”, disse a PC.

O Corpo de Bombeiros disse que “O Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informam que o processo segue os trâmites da justiça, através da Polícia Civil, e até o momento a corporação não foi notificada oficialmente”.