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Amazonas executou menos da metade do Plano de Prevenção a Queimadas entre 2020 e 2022; MPF quer explicações

O governo do Amazonas – cuja capital, Manaus, está sufocada por fumaça de queimadas há três meses – executou menos da metade das ações de combate a queimadas, estabelecidas no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Amazonas (PPCDQ 2020-2022). O Ministério Público Federal do Amazonas informou que a média de execução do PPCDQ é de 43%. O dado é argumento do órgão, que acionou a Justiça Federal para exigir explicações do executivo estadual a respeito do combate a queimadas e incêndios florestais na região.

O MPF pediu à Justiça que exigisse do governo do Amazonas a apresentação de documentos e provas que demonstrem as medidas tomadas desde 2019. 

Em outubro, uma densa nuvem de fumaça cobriu a cidade de Manaus (AM) e, segundo a prefeitura municipal, o fogo teria origem nos municípios da região metropolitana. Já o governo do estado negou a relação das queimadas com a fumaça que tomou conta da capital, sem apresentar comprovação do trabalho feito pelo governo para prevenir e controlar o desmatamento e as queimadas.

IMPACTOS NA SAÚDE

Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) demonstrou que, nas áreas mais afetadas pelo fogo na Amazônia, o número de crianças internadas com problemas respiratórios dobrou. Além disso, o número de mortes infantis por essas doenças cresceu em cinco dos nove estados da Amazônia Legal. Além dos efeitos citados no estudo, a população de Manaus também sofre com sintomas como ardência nos olhos, falta de ar e cansaço. Em outubro, em diversos dias, a qualidade do ar em Manaus foi classificada como perigosa para a saúde humana, conforme índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto à concentração de material particulado no ar. Perigosa é a classificação mais grave entre as seis estabelecidas pela OMS.

Em vídeo postado em suas redes sociais, o governador do Amazonas, Wilson Lima, diz que a fumaça que cobriu Manaus vem de outros estados e que o problema foi agravado por uma série de fatores, como o fenômeno El Niño e a estiagem. Afirmou ainda que o Amazonas “está pagando por um problema que não foi ele que causou”, referindo-se à crise ambiental. Para o MPF, embora o fenômeno El Niño venha causando eventos climáticos mais extremos, o principal vetor dos incêndios na região é o desmatamento. Segundo os especialistas, por ser uma floresta tropical úmida, não existe fogo natural na Amazônia.