O artista visual, pesquisador, professor de pintura e letrista Filipe Grimaldi respondeu às acusações feitas por seguidores nas redes sociais de supostamente ter cometido apropriação cultural em um trabalho lançado em parceria com a Riachuelo chamado de “Manifesto do afeto”.
As acusações dos seguidores foram feitas nas redes sociais de Grimaldi pela semelhança entre o trabalho do artista e o dos artistas da Amazônia conhecidos como Abridores de Letras.
O que diz o artista sobre o caso
O BT entrou em contato com o artista antes da publicação da matéria sobre o caso (clique aqui e veja). Em resposta, Grimaldi afirmou em nota que tem se dedicado ao estudo de sabedorias populares da América Latina há uma década. O professor afirmou que entre suas pesquisas estão o Fileteado Portenho, a Carroceria de Caminhão, a Letra de Barco Amazônica, o Cartazismo e a Letra Chicha Peruana. Essas tradições são transmitidas de mestre a aprendiz, e o pesquisador reafirmou que sempre faz questão de citar seus mestres, que lhe deram permissão para replicar e propagar esses conhecimentos.
O artista ressaltou que além de compartilhar esses saberes em suas redes sociais, leciona há 10 anos no SESC São Paulo, uma instituição comprometida com a difusão da cultura brasileira. Ele enfatiza a seriedade de seu trabalho e a importância da instituição na preservação cultural.
Polêmica com a Riachuelo e Uso de Alfabeto Amazônico
Recentemente, o pesquisador se envolveu em uma polêmica relacionada a peças da coleção da Riachuelo. Ele explica que utilizou um alfabeto amazônico de sua autoria, registrado e pintado há três anos, em homenagem aos mestres abridores e, em especial, ao mestre Luís. Devido às técnicas de produção digital necessárias, ele não pôde convidar um abridor de letras, mas destinou parte dos rendimentos ao mestre Luís como forma de repartição de lucros.
Mudança de Nomenclatura e Respeito ao Folclore Brasileiro
Em relação às peças com a marca Banana Frita, outra coleção que teve a arte questionada por seguidores de Grimaldi, lançadas há quase um ano, o pesquisador fez uma mudança na nomenclatura da coleção de “MITOS” para “LENDAS BRASILEIRAS”. Essa alteração foi sugerida pelo professor Manuel Teles, especialista em folclore e lendas brasileiras.
Cancelamento nas redes sociais
O pesquisador concluiu a nota enviada ao BT ressaltando o impacto negativo do uso inadequado da internet como ferramenta de cancelamento digital. Ele acredita que isso esvazia discussões contemporâneas, gera confusão sobre os temas abordados e desinteresse por parte dos mestres que detêm os verdadeiros saberes. Ele apela por uma abordagem mais respeitosa e esclarecedora nas discussões culturais.
Leia o texto de Filipe Grimald na íntegra:
“Pesquiso sabedorias populares Latino Americanas há 10 anos, dentre elas estão o Fileteado Portenho, Carroceria de Caminhão, Letra de Barco Amazônica, Cartazismos e letra Chicha Peruana.
Todas essas sabedorias foram passadas de pintor letrista para pintor letrista e sempre cito meus mestres, mestres pelos quais fui autorizado a replicar e propagar esses saberes, trabalho diário que realizo em minhas redes. Além das aulas que leciono há 10 anos no SESC SP, uma instituição séria e comprometida com a difusão da cultura brasileira.
Sobre o caso da Riachuelo, utilizei em algumas peças da coleção um alfabeto amazônico de minha autoria, registrado, pintado há 3 anos em uma homenagem aos mestres abridores e ao mestre Luís em especial.
Esse trabalho foi 100% digital por conta de questões de produção, o que demandava técnicas onde não pude convidar um abridor de letras porém parte do valor recebido foi revertido ao mestre do Luís como forma de repartição de rendimentos.
Sobre o caso das peças com a marca banana frita, a gravura foi lançada há quase 1 ano e as peças de roupa no mês passado, fiz a mudança de nomenclatura da coleção de MITOS para LENDAS BRASILEIRAS a partir da sugestão do professor Manuel Teles especialista em folclore e lendas brasileiras.
Ressalto que o mau uso da internet como ferramenta de cancelamento digital esvazia as discussões contemporâneas, gerando confusão sobre os tema e desinteresse por parte dos mestres que detém os verdadeiros saberes. Sem mais. Filipe Grimaldi”
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