Uma árvore da espécie angelim vermelho, de 88,5 metros e aproximadamente 400 anos de vida, está ameaçada pelo avanço da atividade criminosa de garimpo e desmatamento ambiental. Tudo isso é dentro da Unidade de Conservação (UC) da Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru), que compreende os municípios de Almeirim, Monte Alegre, Alenquer e Óbidos na região do Baixo Amazonas, no oeste paraense.
De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que descobriu o vegetal em setembro numa expedição de cientistas, existe um acampamento de garimpeiros avançando dentro da Flota do Paru, que além de parque ambiental e UC, também é um santuário de árvores gigantes da Amazônia. O espaço possui uma área superior a 3 milhões de hectares, e guarda um vasto ecossistema com 38 espécies distintas de árvore, e duas destas tem mais de 80 metros de altura. O angelim encontrado em setembro é a quarta maior árvore do mundo e corresponde a um prédio de 30 andares.
DESMATAMENTO
Segundo o levantamento, a derrubada da Amazônia segue batendo novos recordes negativos mesmo durante o período chuvoso na região. Apenas durante o mês de novembro, foram desmatados 590 km², 23% a mais do que no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, a devastação florestal atingiu a área de 10.286 km², o equivalente à destruição de 3 mil campos de futebol por dia.
“A Flota do Paru é um verdadeiro santuário das árvores gigantes na Amazônia. Por isso, é extremamente grave que o desmatamento esteja avançando sobre o local”, alerta a pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota Jakeline Pereira. “O governo paraense precisa urgentemente cancelar esses registros ilegais e retirar os invasores da unidade de conservação.”
CAMPANHA
Para jogar luz na causa e evitar que uma obra genuína da natureza seja exterminada, desde a última última quinta-feira, 15, o Imazon lançou uma campanha nas redes sociais com a hashtag #ProtejaAsArvoresGigantes, para chamar a atenção da sociedade e pressionar o governo local.
“É importante lembrar que a lei permite que os governos dos estados atuem para combater o desmatamento tanto em áreas estaduais quanto federais. Além disso, têm o dever de cancelar os Cadastros Ambientais Rurais (CARs) sobrepostos às áreas protegidas, como terras indígenas e quilombolas e unidades de conservação”, explica Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Segundo o Imazon, o Pará é um dos território brasileiros que mais sofre com o avanço do garimpo e da grilagem que colocam em risco a conservação das árvores gigantes e de centenas de famílias que dependem do extrativismo da castanha-do-pará na Flota Paru para a sua subsistência.
A FLOTA
Quase 96% de sua área são cobertos por florestas bem conservadas, um verdadeiro santuário de angelins gigantes. O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) é responsável pela gestão da Flota do Paru, uma das 27 Unidades de Conservação (UCs) estaduais. A Flota é uma Unidade de Conservação de posse e domínio público, não abrigando propriedade particular, a não ser para uso sustentável.
O Santuário de Árvores Gigantes reforça a importância da criação de áreas protegidas por meio de legislação ambiental específica, a fim de proteger os recursos naturais de relevância física, biológica e cultural, garantindo o equilíbrio dos ecossistemas, as relações entre esses elementos e a conservação de ambientes naturais para futuras gerações.
ÁRVORES GIGANTES
As espécies gigantes foram localizadas durante pesquisa realizada entre 2016 e 2018, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em parceria com a UFVJM. O estudo, destinado a quantificar o estoque de carbono associado à biomassa florestal, usou o LiDAR aerotransportado, a bordo de uma aeronave Cessna, para obter informações precisas da altura da vegetação do bioma amazônico e suas características. Durante o sobrevoo, sete faixas de terreno apresentaram espécies acima de 80 metros. Dessas, seis foram localizados na região do Rio Jari, entre os estados do Pará e Amapá.
Pela localização geográfica e pelo tamanho do território ocupado por florestas públicas protegidas, a pressão antrópica por meio de ocupação irregular tem se tornado um desafio na gestão destes espaços.
Segundo a diretora da DGMUC, Socorro Almeida, o processo de ocupação do solo e exploração dos recursos naturais pelo homem ocorre de forma acelerada e irregular. O Estado investe em tecnologia para monitorar as áreas protegidas e intensificar a fiscalização para coibir ilícitos ambientais.
*Com informações de Metrópoles e Agência Pará.