//

Ator e influenciadora presos no Ceará criaram 235 chaves Pix para desviar doações ao RS

Um ator e uma influenciadora, ambos de 50 anos, foram presos nesta quinta-feira em Fortaleza, suspeitos de fraudar chaves Pix para desviar doações destinadas às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

INVESTIGAÇÃO E PRISÕES

De acordo com a Polícia Civil do RS, José Aldanísio e Regina Jorge criaram 235 chaves Pix diferentes para fraudar várias campanhas de arrecadação de donativos. Durante o mês de maio, os suspeitos criavam novas chaves Pix diariamente.

Influenciadora Regina Belo e o namorado Aldanísio Paiva foram presos em Fortaleza, por desviarem doações ao Rio Grande do Sul. — Foto: Instagram/ Reprodução.

José Aldanísio, que se apresenta como comediante e “recitador, interessado em cinema e TV”, e Regina Jorge, que se define como atriz, apresentadora e influenciadora, alegaram dificuldades financeiras como motivo para os crimes. “Eles já nos adiantaram, ali no primeiro momento, que estavam em dificuldades financeiras, precisavam de dinheiro. Então algumas coisas que nos inferem que, de fato, eles praticaram esse crime para fins de arrecadar dinheiro”, disse ao G1 CE o delegado responsável pelo caso, João Vitor Heredia .

Além dos mandados de prisão, os suspeitos foram presos em flagrante por falsificação de documentos. Durante as buscas na residência do casal, os agentes encontraram vários documentos falsos usados para a abertura das contas bancárias utilizadas nos estelionatos virtuais.

Ator e influenciadora são presos em Fortaleza suspeito de desviar doações que ajudariam vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul — Foto: Isaac Macedo

COMO ACONTECIA A FRAUDE?

A polícia detalhou o esquema usado pelo casal:

  1. Criação de contas bancárias com documentos falsos.
  2. Identificação de campanhas legítimas de arrecadação de dinheiro para vítimas das enchentes nas redes sociais.
  3. Criação de centenas de chaves Pix associadas às contas falsas.
  4. Divulgação de campanhas reais de doações, alterando ligeiramente a chave Pix para que o dinheiro fosse desviado para suas contas.

Normalmente, os suspeitos alteravam apenas um dígito da chave verdadeira, induzindo os doadores ao erro.

Entre as campanhas lesadas estão as das influenciadoras digitais Paola Saldívia e Deise Falci, que arrecadavam valores para o cuidado de animais resgatados das enchentes. Os golpistas alteraram apenas um dígito das chaves Pix, induzindo os contribuintes ao erro. As influenciadoras notaram a fraude após vários seguidores reportarem destinatários diferentes do anunciado, levando a polícia a investigar o caso.

“Em duas campanhas em específico, de duas influenciadoras digitais muito grandes do Rio Grande do Sul, começou a ter muito relato de que esses valores de doação não estavam indo para as beneficiárias que estavam contribuindo. Então, a partir daí, chamou nossa atenção, iniciamos as investigações e com o avanço delas ali através de meios tecnológicos, conseguimos chegar a ter esse casal aqui no Ceará”, falou o delegado João Vitor Heredia.

Presos por desviar dinheiro que deveria ser destinado a doações para o Rio Grande do Sul — Foto: Divulgação PC Ceará.

OPERAÇÃO DOPPELGANGER

A operação, batizada de “Doppelganger” — termo do folclore alemão que significa “duplo ambulante” — devido ao uso contumaz de documentos falsos em nome de um casal real, faz parte da Operação Dilúvio Moral. A ação, que conta com apoio da Polícia Civil do Ceará, visa reprimir práticas criminosas virtuais relacionadas às enchentes no Rio Grande do Sul.

Polícia prende suspeitos de desviar doações para atingidos pela seca no Rio Grande do Sul — Foto: Divulgação PC Ceará.

Até agora, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) analisou mais de 60 casos, com 70% já concluídos, resultando na instauração de mais de 30 inquéritos. A operação também conseguiu retirar do ar 71 páginas, contas e publicações criminosas, impedindo um enriquecimento ilícito de dezenas de milhares de reais.

Leia mais: btmais.com