Em informação exclusiva do canal CNN, apurada pela jornalista Daniela Lima, três áudios trocados entre o ex-Major do Exército Ailton Barros e Mauro Cid, ambos aliados próximos do ex-presidente, após reuniões na saleta da presidência, revelam a tratativas para um golpe de estado no Brasil após as eleições de 2022.
Ainda houve planejamento de anunciar o golpe um dia após uma prisão que seria do Ministro do STF Alexandre de Moraes, seguida de pronunciamento do então presidente Bolsonaro.
A Polícia Federal também afirma que Barros fez parte de uma suposta associação criminosa que forjava registros de vacinas para o Cid e outras pessoas, incluindo Bolsonaro.
Na transcrição dos três áudios, que estão em posse da PF, Ailton descreve o golpe como uma “operação”, que contaria com a participação do então comandante do Exército, Freire Gomes, além de Jair Bolsonaro.
Em dia 15 de dezembro, ele diz: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.
“Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, complementa.
Ele ressalta a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado no áudio, destacando “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”, em uma referência ao golpe ser legal.
“Pô [sic], não é difícil. O outro lado tem a caneta, nós temos a caneta e a força. Braço forte, mão amiga. Qual é o problema, entendeu? Quem está jogando fora das quatro linhas? Somos nós? Não somos nós. Então nós vamos ficar dentro das quatro linhas a tal ponto ou linha? Mas agora nós estamos o quê? Fadados a nem mais lançar. Vamos dar de passagem perdida?”, indaga.
Ailton continua descrevendo o plano e afirma que “se for preciso, vai ser fora das quatro linhas”. “Nos decretos e nas portarias que tiverem que ser assinadas, tem que ser dada a missão ao comandante da brigada de operações especiais de Goiânia de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”, adiciona.
De acordo com o que diz o advogado, a ideia era de, na segunda-feira, 19 de dezembro, fossem lidas as portarias, decretos de garantia da Lei e da Ordem e “botar [sic] as Forças Armadas, cujo Comandante Supremo é o presidente da República, pra agir”.