Que os pets hoje em dia já são considerados membros da família, todo mundo sabe. Nos últimos anos, é percebida uma mudança considerável na relação entre seres humanos e seus bichinhos de estimação, onde estes passaram a ser considerados as crianças da família, os eternos bebês. Contudo, até onde esse tratamento é benéfico para eles?
Não é raro recebermos no consultório tutores que estão levando seus “filhos” para vacinar e estes chegarem de roupinha, boné, ou mesmo em carrinho de bebê. Também é comum tutores oferecerem tudo o que comem aos bichinhos, porque segundo eles, dá muita pena deixá-los passando vontade.
Ainda que haja boas intenções nesses atos, é necessário lembrar que atribuir aos bichinhos características humanas pode resultar numa dificuldade deles manifestarem um comportamento natural.
Não é porque uma atividade é legal para nós humanos, que será também para o animal. Muitas vezes se pensa dessa forma na tentativa de oferecer as melhores experiências de vida ao pet, né? Contudo, as consequências podem ser desastrosas e extremamente prejudiciais para a saúde e o bem-estar desse bichinho tão amado.
Não existe consenso entre a comunidade científica acerca de quanto que esse processo de “antropomorfização” é prejudicial aos pets Isso depende de vários fatores, como o ambiente no qual ele está inserido, sua rotina e suas características comportamentais individuais. Talvez para um indivíduo, usar roupinha não seja um problema, enquanto que para outro seja insuportável. O termômetro, nesse caso, seria quão estressado ele se mostra diante de uma situação imposta.
Além disso, ainda falando de roupinhas, há animais que têm certa sensibilidade ao contato com tecidos, desenvolvendo quadros ou mesmo dermatites mais sérias devido o seu uso. Cada caso é um caso e deve ser avaliado de maneira individual.
O ponto aqui não é que não se deve tratá-los com um alto nível de cuidado. Muito pelo contrário. Tutores devem investir em oferecer uma vida confortável e segura para o seu pet. O que estamos falando é que situações que para seres humanos são legais às vezes podem não ser para eles, pelo simples fato de estarmos lidando com espécies completamente diferentes.
Assim como nós gostamos de ter liberdade para manifestarmos nossos comportamentos naturais, isso também é uma necessidade deles. É possível trata-los bem e com dignidade e, ainda assim, tratá-los de acordo com suas necessidades espécie-específicas, pois o estresse (principalmente) pode ser a porta de entrada para inúmeras enfermidades. Tratar bicho como bicho é um dos maiores atos de carinho e cuidado que podemos oferecer a eles!
