Para começo de conversa, não iremos adotar o termo “varíola dos macacos”. Vários macacos vêm sendo vítimas de agressões devido a escolha desse nome para a doença. Há evidências de que o vírus chegou até os seres humanos por meio de roedores e não por intermédio de espécies de primatas não-humanos, ou seja, elas não estão envolvidas no surto atual de varíola. Felizmente, a Organização Mundial da Saúde está trabalhando para que haja mudança nessa nomenclatura.
Os casos humanos identificados até então possuem origem na transmissão entre pessoas. Porém, um artigo publicado esse mês na revista The Lancet relata um caso onde um cão (um galgo italiano de 4 anos de idade) apresentou lesões de pele semelhantes a de seus donos positivos para monkeypox. No sequenciamento genético, foi identificado que o vírus nas lesões do tutor e do cão era idêntico, confirmando assim o primeiro caso de transmissão de humano para cão no mundo.
No último dia 24, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais publicou um comunicado oficial, confirmando o primeiro caso de transmissão da espécie humana para a canina no Brasil. O tutor havia começado a apresentar sintomas no dia 03/08/2022 e o cão, um filhote de 5 meses de idade, por sua vez, iniciou a manifestação da doença no dia 13/08/2022.
- Como ocorre a transmissão do ser humano para o cão?
Da mesma forma como conhecemos a transmissão entre humanos, ou seja, por contato com: lesões de pele, superfícies que tiveram contato anterior com uma pessoa infectada, crostas, secreções respiratórias e fluidos corporais.
- O que os cães infectados apresentam como sintomas?
Os cães identificados até então como positivos para monkeypox apresentaram lesões em pele (e/ou em mucosa anal), formação de crostas, além de coceira (prurido).
- Como evitar que cães sejam contaminados?
A recomendação atual é a de que, uma vez confirmado um caso humano em casa, o bichinho seja afastado do convívio da pessoa positivada até que ela receba alta, ou seja, não esteja mais transmitindo o vírus.
- Gatos também podem se infectar?
Pouco ainda se sabe sobre a espécie felina, em se tratando de monkeypox. A comunidade científica ainda está trabalhando para entender quais espécies podem servir de reservatório para a doença, ou seja, abrigar o vírus sem manifestar a doença em si. Se desconhece até então o envolvimento dos gatos no processo de transmissão.
Ainda é um assunto que precisa ser muito pesquisado e muito discutido entre cientistas. Não se sabe o quanto o envolvimento de espécies domésticas pode influenciar no desenvolvimento do vírus, mas os estudos estão correndo a todo vapor. O que sabemos até agora é que não há evidências científicas que consigam afirmar que haja transmissão de cães para seres humanos.
De todo modo, é válido sempre lembrar que as medidas de proteção sanitárias (semelhantes àquelas que aprendemos com a pandemia da COVID-19) continuam de pé e não devemos descuidar!