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BTPet | A rivalidade entre cães e gatos existe mesmo? Saiba

Essa ideia nos é ensinada desde quando éramos crianças, não é verdade? Muitos desenhos animados e filmes costumam utilizar essa interação conflituosa entre cães e gatos em seus roteiros. Além disso, há termos comumente utilizados pelas pessoas, como por exemplo “eles brigam feito cão e gato”. Mas na realidade, existe mesmo essa rivalidade, ou ela só é percebida por nós por estarmos encarando sob o ponto de vista errado?

Ambas as espécies, apesar do processo de domesticação, ainda trazem consigo muito dos traços de seus ancestrais. Tanto cães e gatos são predadores, mas os gatos tendem a ter um comportamento defensivo mais exacerbado que os cães, caracterizado pelo eriçar dos pelos, postura arqueada, exposição das presas, entre outros.

O que tem se discutido hoje em dia é que o comportamento defensivo do gato, diante de uma ameaça geralmente maior que ele, faz com que o cão ative seu “modo predador”, perpetuando um ciclo de caça-caçador nessa interação entre esses indivíduos. Porém, não é em toda interação que isso acontece. Obviamente que há aqueles cães bem menos tolerantes à presença de gatos do que outros, assim como há gatos bem mais reativos à presença de cachorros no ambiente do que outros.

Às vezes há tutores que enfrentam um sério problema chamado “meu cachorro não pode ver o gato do vizinho no muro que fica ensandecido pra pegar e eu tenho certeza de que se ele conseguir, ele mata”. Isso inclusive é capaz de gerar conflitos entre esses vizinhos, pois o dono do gato tem medo do seu bichano ser atacado ao passear e o dono do cão geralmente diz que se acontecer, a culpa é do dono do gato, que deixou ele solto. (“Isso foi muito específico Luanna, tá tudo bem?”)

 Não é raro recebermos cães em atendimento de urgência em situações que surgiram a partir de discussões entre vizinhos: envenenamentos, ataques por arma branca ou de fogo, dentre outras atrocidades que, convenhamos, não são de responsabilidade dos animais. São os humanos que precisam se entender entre si e trabalhar o manejo comportamental dos seus bichinhos justamente para evitar que certos acidentes aconteçam

Bom, mas em se tratando do convívio domiciliar entre eles, é possível uma convivência harmoniosa, mas o ideal mesmo é que se inicie ainda quando filhotes, pois é o momento ideal para trabalhar o período de socialização deles e, assim, garantir que cresçam habituados à presença um do outro.

Isso também facilita quando falamos de um cão e um gato que cresceram juntos e, anos depois, o tutor decide adotar mais bichinhos. A introdução dos novos tende a ser menos complicada, mas ainda requer alguns cuidados, porque assim como todos podem se dar bem, pode ser que a vida dos tutores vire de cabeça para baixo, diante de tanta confusão, brigas, arranhões e objetos quebrados. Quando há a chegada de um gato na casa onde já vive um cão (ou vice-versa), é necessário que se estude formas de introdução gradativa (de preferência, com a orientação de um profissional da área), para que se evite transtornos e estresses tanto para o bichinho que o tutor já tinha em casa, quanto para aquele que está chegando. É tudo questão de adaptação, mas a rivalidade em si é um grande mito!

Luanna Vasconcelos
Médica Veterinária