O caso Luma Bonny ganhou destaque na mídia nacional no final de 2022 após a influenciadora paraense, de 23 anos, ter um suposto vídeo íntimo publicado na internet por Maurício César Mendes Rocha Filho. Segundo os familiares de Luma, ela teria tirado a própria vida após estar sofrendo chantagens de Maurício, que a ameaçava de fazer a publicação dos registros.
Maurício, que ficou conhecido como o ‘Hétero Top’, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após novas vítimas o denunciarem pelo crime de extorsão e chantagem. Durante o primeiro depoimento, as vítimas, com quem ele se relacionou, afirmam que o acusado as ameaçava de publicar conteúdos íntimos e pedia quantias em dinheiro em troca. Uma das mulheres diz ter sido estuprada pelo acusado, o que a defesa de Maurício contesta. Após três meses da morte de Luma, o caso ainda segue sob investigação.
O BT Mais conversou com exclusividade com o advogado de defesa de Maurício, Jaime Rocha, que, após ter acesso a um laudo vazado da perícia médica, levantou a possibilidade de Luma ter sido assassinada. Segundo o advogado, se comprovada a veracidade das informações do suposto laudo vazado, as investigações podem tomar novos rumos, levando à possibilidade de que tenha ocorrido uma briga no apartamento onde Luma estava no momento em que ela morreu, ao cair do sétimo andar de um prédio em Belém no final do ano passado.
“Nos foi enviado, onde nesse laudo constava que Luma foi encontrada sem uma das unhas do dedo e com conteúdo epitelial nas unhas de ambas as mãos. Logo que tivemos acesso a esse laudo, que era uma cópia, nós levamos ao conhecimento do juiz da 1º Vara de Inquéritos para que ele autenticasse ou não esse laudo e ele não autenticou e se fechou em copas”, disse o advogado.
A defesa do hétero top afirmou que houve omissão e falhas da Justiça na condução do caso de Maurício. “Três testemunhos de mulheres, que dizem que passaram por isso, e que não conseguem provar. E o que a gente vê é que as provas são arranjadas contra Maurício, elas não obedecem o critério legal para que sejam tomadas como verdadeiras. O que a gente vê é manipulação processual”, diz ele.
“Uma das testemunhas, muita amiga de Luma, ela declarou que conversou com a Luma no dia 8 (8 de novembro de 2022) e ela estava cheia de planos, ou seja, uma pessoa que tem planos no dia 8 pela manhã, ela não tá querendo se matar, ela não está em conflito, isso está lá nos autos. Agora alguma coisa aconteceu pela tarde e pela noite do dia 8, que foi fundamental para que Luma tomasse a atitude que tomou, se é que ela se suicidou, de repente Luma pode ter sido empurrada pela sacada. Indícios tem! Indícios que ela brigou com alguém tem, mas a Justiça não apura”, continua Jaime.
A equipe do BT perguntou se a família de Maurício tinha conhecimento se ele era ou não usuário de drogas, devido às acusações das vítimas. O advogado disse que Maurício fazia uso de um medicamento para ansiedade e que era acompanhado por profissionais, mas quando questionado a respeito de qual medicamento era utilizado pelo acusado, a defesa não soube informar e limitou-se a dizer que era um ansiolítico.
Mas o advogado apontou, durante a entrevista, que no laudo vazado foi encontrada a substância da droga LSD na urina de Luma e afirmou que Maurício não teve contato com Luma na véspera da data de sua morte. “Se o laudo diz que que quando ela foi periciada já morta se encontrava LSD na urina dela, então significa dizer que ela somente poderia ter usado essa droga até nove horas antes do óbito, e nove horas antes do óbito ela nunca esteve com o Maurício, ela esteve com Maurício setenta e duas horas antes, afirmou a defesa.
Ainda durante a entrevista, foi questionada a medida protetiva e restritiva solicitada pela madrasta de Maurício, quando estava grávida de 4 meses, e que o acusou de violência psicológica, ameaças e importunação. Além dela, uma tia do investigado também solicitou à Justiça uma medida protetiva contra o sobrinho. Quando perguntamos se Maurício apresentava um comportamento agressivo e impulsivo, a defesa amenizou dizendo que ele era apenas um ‘brincalhão’ “Certas horas a brincadeira de uma pessoa pode representar para outra uma abusividade”, finalizou.
NOVA LINHA DE DEFESA
O advogado de defesa de Maurício Filho alega que Luma havia recebido a visita de uma pessoa na véspera da data de sua morte no apartamento da família dela. Durante essa visita, a influencer teria discutido com a pessoa e os ânimos teriam esquentado. De acordo com Jaime Rocha, Luma pode ter tido uma luta corporal com esse visitante.
A hipótese defendida pelo advogado de Maurício é de que a vítima foi empurrada da sacada do prédio com base no laudo que afirma ter sido encontrado material genético embaixo das unhas de Luma, mas que não foi periciado através de exame de DNA para identificar a pessoa, de acordo com o advogado de defesa.
Um boletim de ocorrência foi registrado no dia da morte de Luma por um tio, que relatou à polícia a discussão entre a sobrinha e o visitante no dia 8 de novembro de 2022.
A defesa do “Hétero top” passou a trabalhar com a possibilidade de homicídio e afirmou que está solicitando que um exame seja realizado para fins de identificar a pessoa que esteve com Luma horas antes da morte, e além disso, contesta que pessoas que estavam presentes no apartamento não foram ouvidas pela Justiça.
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