Recentemente casos ataques e violências em instituições de ensino se tornaram muito recorrentes. Ataques às escolas como em São Paulo ou em Santa Catarina atingiram a todos de surpresa, além de ameaças à escolas de vários lugares, inclusive no estado do Pará.
Essa ocorrência de casos de forma sequencial é o que os especialistas denominam de “efeito contágio”. Por isso, é necessário que se tome cuidado ao divulgar esses casos.
Ao expor o autor dos atentados, além de detalhes, meios e formas de execução dos crimes se amplia a força de movimentos que propõe barbáries como essas.
Não há dúvidas sobre os impactos emocionais na vida dos envolvidos nas tragédias como a dor da violência, perda, luto e a exposição a isso provoca a vulnerabilidade e manifestação de diversos quadros de adoecimento, tais como depressão e estresse pós-traumático, por exemplo.
Há consequências psicológicas a toda comunidade envolvida como alunos, professores, familiares. É urgente a disponibilização de serviços de escuta e orientação psicológica para as pessoas que vivenciaram direta e indiretamente essas violências.
É essencial debater e orientar sobre saúde emocional. Intervenções que propõem a aproximação da família, escola e comunidade geral, além das palestras e rodas de conversa, é preciso desenvolver metodologias que levem os debates às ruas, às conversas na fila do banco, nas salas de espera.
A conversa pode começar dentro dos muros da escola, mas precisa sair. A conversa sobre saúde mental precisa estar nas ruas, em todos os lugares com diferentes linguagens tanto culturais quanto artísticas.
O poder público precisa ampliar e melhorar as redes de atendimento e suporte para o equilíbrio emocional da população, cuidando dos espaços e das condições de trabalho dos profissionais das unidades de saúde, por exemplo.
A democratização de acesso aos profissionais de saúde mental como o psicólogo e psiquiatra é uma variável significativa para solucionar o caos. Não podemos deixar de enfatizar a necessidade de as famílias, responsáveis por crianças e adolescentes, se fazerem mais presentes na rotina e na realidade dos filhos.
Quanto tempo se tem para conversar e falar sobre o dia? Existem trocas de experiências e real acompanhamento do que os filhos têm vivido e sentido? Infelizmente o que se vê é pouca troca e muita tela. E as redes de apoio, como tem atuado na educação desses jovens? Se você é parente ou amigo de alguém que tenha um filho que aparenta comportamentos “estranhos”, como você age? Consegue se comunicar e ajudar?
Se tu achas que um autor de ataques é um demônio ou não tem Deus no coração ou se achas que “faltou porrada” ou desejas que ele tenha a lição na cadeia o debate sobre saúde mental e as consequências da falta dela não está no seu cotidiano. A parte boa do ser humano é a possibilidade de mudança. Então, procura entender melhor isso.
Até a próxima.
Juliana Galvão
CRP 10/3645