A estiagem severa que assola a região Norte do Brasil reflete em diversos âmbitos e prejudica trabalhadores como os catraieiros de Alter do Chão, destino turístico de Santarém, no Pará, que com a seca do mar, tiveram que paralisar a travessia de passageiros e turistas para a localidade.
De acordo com francisco Salomão, presidente da Associação de Catraieiros de Alter do Chão, 130 estão sem trabalhar com a atividade por conta da seca, o que preocupa a comunidade diante do nível excepcionalmente baixo da água, que chegou antes do esperado.
A seca que castiga Amazonas e Pará é a mais severa dos últimos 40 anos, segundo informações divulgadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Desde maio deste ano, parte dos dois estados vem registrando chuvas abaixo da média. De acordo com o Cemaden, a situação foi agravada pelo inverno mais quente provado pelo El Niño. Rios em Óbidos e Itaituba estão significativamente secos e os municípios encontram dificuldades para atender as populações ribeirinhas, por exemplo. Outros municípios do Pará enfrentam a mesma problemática.
“Secou antes do previsto e secou rápido, estamos dando o nosso jeito, fazendo bicos para não ficar parado. Uns foram para a construção civil, outros estão trabalhando de mototaxista, e assim a gente vai”, disse ao BT.
O centro de monitoramento destaca que a estação chuvosa, entre novembro e dezembro, costuma elevar os níveis dos rios na Região Norte. No entanto, com as previsões abaixo da média, alguns afluentes podem não atingir os volumes considerados normais para a época.
A redução drástica no nível da água paralisou o serviço de travessia, impactando significativamente os catraieiros, e com este cenário, muitos deles buscaram alternativas e outras funções para garantir uma renda mínima e sustentar a família.
Em circunstâncias normais (sem seca), Francisco diz que costuma ganhar entre R$ 1.500 e R$ 2.000 com a travessia da Orla de Santarém para a Ilha do Amor em Alter. No entanto, a seca, que é uma ocorrência anual, surpreendeu a todos este ano ao chegar mais cedo e diminuir rapidamente o nível da água.
A comunidade local agora espera ansiosamente o retorno das chuvas no início de dezembro ou janeiro, estimando um período adicional de três ou quatro meses para que as condições permitam retomar plenamente as atividades dos catraieiros.
O catraieiro garante que, apesar da adversidade climática que inviabiliza as travessias, os catraieiros e a comunidade de Alter do Chão, se adaptam da melhor maneira possível diante dos desafios impostos pela natureza.
Enquanto aguardam a recuperação das condições favoráveis, os catraieiros estão determinados a encontrar soluções temporárias para garantir sustento e superar a realidade desanimadora em que se encontram.