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Celular de Mauro Cid tinha minuta de operação militar e estudo de ‘suporte’ a golpe de estado

O ministro Alexandre de Moraes alega que as mensagens trazem documentos que dariam 'suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado'

Com informações O GLOBO*

Polícia Federal encontrou no celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado.

A GLO é uma operação militar que permite ao presidente da República convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública.

Mauro Cid tira celular do bolso de Jair Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos, em 2022 Caio Rocha/iShoot/Agência O Globo

O ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”. De acordo com o ministro, o material trata “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em caráter excepcional destinados a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.

A subprocuradora da República Lindora Araújo acompanhou virtualmente o depoimento, mas Cid se manteve em silêncio durante o tempo todo.

A PF queria saber quem preparou os tais estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras coisas. Não há, por enquanto, sinal de que o material tenha sido enviado a Bolsonaro pelo celular.

Os documentos recolhidos por Cid estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele no início de maio na operação que apura fraudes nos cartões de vacinação de diversas pessoas, entre elas o ex-presidente e sua filha Laura. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira pela PF.

Fraudes dos cartões de vacinação na família do ex-presidente Jair Bolsonaro estão sendo investigados — Foto: Reprodução

O material apreendido durante a operação dos cartões de vacinação deu origem a um novo inquérito, este sobre a participação do mesmo grupo em preparativos para um golpe de estado. Foi no âmbito dessa investigação que Cid foi ouvido nesta terça-feira (6).

Em áudios divulgados pela CNN, foi revelado que Cid e o ex-major Ailton Barros, também preso, conversaram com o coronel e ex-secretário executivo do ministério da Saúde Elcio Franco sobre como mobilizar o comandante do Exército para uma intentona golpista.

Além da minuta e dos pareceres que recebiam de diversas pessoas, Cid e Reis também trocam ideias sobre como convencer outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.

Como esse novo conjunto de mensagens foi compartilhado em dezembro, a PF acredita que faziam parte de um esforço do grupo de auxiliares de Bolsonaro relacionado aos atos golpistas de janeiro. A PF também investiga a possibilidade de que o plano fosse editar o decreto de GLO e, depois, a chamada minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

O documento apreendido no armário de Torres criava um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral e dava a Bolsonaro poderes para interferir na atuação da corte, o que é inconstitucional.