Nos dias 1 e 2 deste mês, membros do Observatório do Marajó e lideranças comunitárias do arquipélago marajoara participaram de uma oficina sobre o uso de geotecnologias para a produção de mapas, promovida pelo Instituto Centro de Vida (ICV). Realizada em Salvaterra, no Pará, a formação teve como foco o Sistema de Informação Geográfica (SIG) e visa auxiliar no monitoramento e gestão territorial das áreas ocupadas por comunidades tradicionais na Amazônia paraense.
MAPAS PARA PROTEÇÃO DO MARAJÓ
Essa oficina é parte de um conjunto de formações oferecidas pelo ICV através do projeto Rede Floresta, financiado pela Iniciativa Internacional pelo Clima e as Florestas da Noruega (NICFI). A iniciativa busca capacitar organizações de base no uso de tecnologias que possam fortalecer a proteção dos territórios da Amazônia brasileira contra o desmatamento e a degradação ambiental.
MAPEANDO SOLUÇÕES
O arquipélago do Marajó, localizado no norte do Pará, é composto por aproximadamente 2,5 mil ilhas distribuídas em 17 municípios. A região enfrenta desafios complexos devido à sua vasta geografia. Deco Souza, um dos participantes da oficina, destacou que “nossos maiores desafios são as invasões cada vez mais frequentes no nosso território, assim como o fechamento de acessos aos locais onde as pessoas praticam atividades de subsistência, além da falta de saneamento básico e saúde adequada para a população.”
A capacitação proporcionou ferramentas essenciais para a defesa dos territórios por meio da delimitação geográfica de suas fronteiras. Bianca Barbosa, gestora de projetos do Observatório do Marajó e uma das 13 participantes da oficina, enfatizou a importância das novas técnicas: “O acesso às ferramentas é de grande importância para termos nossos territórios mapeados, identificarmos as riquezas e as áreas onde estão ocorrendo as intervenções e invasões em nossas comunidades. Também acredito que de alguma forma poderemos apoiar mais ainda as comunidades que lutam em defesa do território, de modo que possamos compartilhar do conhecimento que tivemos acesso.”
FORTALECIMENTO COMUNITÁRIO
O uso das técnicas para monitoramento e controle social, conforme destacado pelos participantes, está alinhado aos objetivos do projeto Rede Floresta, que busca fortalecer as comunidades locais por meio da gestão territorial. Lucas Araújo, analista em geotecnologia do ICV e facilitador da formação em SIG, explicou que “as oficinas se conectam com o Rede Floresta a partir do momento em que integrantes de comunidades tradicionais, quilombolas, ribeirinhas e pescadores se apropriam do conhecimento de manipulação dessas ferramentas para protegerem seus próprios territórios.”