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COP 28: entenda a polêmica entrada do Brasil  na Opep Plus

Por Mary Tupiassu, de Dubai 

A coletiva de Lula que aconteceria no fim da tarde de ontem, em Dubai, na COP 28, foi cancelada, surpreendendo os jornalistas que estavam ansiosos para fazer perguntas ao presidente Lula. O motivo seria que o anúncio da entrada do Brasil na Opep Plus, ou (Opep Mais) exigiu algum tempo a mais de preparação para que o presidente possa responder aos questionamentos sobre a pauta. Pois bem. Mas o que é a Opep Plus? 

Pra quem não sabe a Opep é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, um grupo altamente poderoso, que comanda a economia global com a coordenação das políticas de produção e exportação de petróleo. Emirados Árabes Unidos, o país anfitrião da COP 28, faz parte do grupo, juntamente com outras 12 nações. Já a Opep Plus é um grupo de 10 países que têm direito de participação com sugestões diretas dentro do “clube”. Mas as decisões da Opep Plus também têm um grande impacto no preço do petróleo e interferem na economia global. O convite foi feito ao presidente Lula durante visita do presidente á Arábia Saudita, ainda esta semana. 

Na manhã do último sábado, 02, o presidente confirmou a participação do Brasil na Opep. Em coletiva que ocorreu no hotel do presidente, hoje, 03, já bastante preparado, ele disse que a entrada no grupo tem a finalidade de influenciar os países para diminuir a exploração de combustíveis fósseis. “Um observador vai pra ouvir e pra dar palpite. E por que é importante o Brasil participar? O Brasil é observador do G7, e sou convidado, desde que eu ganhei o primeiro ano em 2003, eu sou observador. Nós convidamos pro Mercosul observadores, nós convidamos pro G20 observadores, que muitas vezes até podem falar, mas não tem poder de decisão”, afirmou. 

Lula reforçou que a sua função será estimular o investimento em transição energética. “O que nós queremos? É verdade que nós precisamos diminuir o uso de combustível fóssil, mas é verdade que nós precisamos criar alternativas, então antes de você acabar, você precisa oferecer à humanidade opção. E a nossa participação na Opep Plus é pra gente discutir a necessidade dos países que têm petróleo e que são ricos, começar a investir um pouco seu dinheiro, pra ajudar os  países pobres, do continente africano, da América Latina, da África a investir em ‘combustíveis fósseis’. Eles podem financiar o etanol, o biodiesel, a eólica, a solar, o hidrogênio verde, esse é o nosso papel”, afirmou. 

A decisão não agradou a comunidade de ambientalistas e para nós, amazônidas, reforça o temor de que participando deste seleto e poderoso “clube” o Brasil acabe cedendo à pressão de exploração de petróleo na Amazônia. Ativistas do Greenpeace e Engajamundo organizaram uma ação contra o petróleo na Amazônia. Prevista para acontecer na tarde deste domingo (03) a ação traz o tema “queremos nadar na água, não no petróleo”.