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Cuca fala pela primeira vez após anulação de condenação por estupro na Suíça; confira

Cuca se pronunciou pela primeira vez com a imprensa sobre a anulação da condenação por estupro. O caso aconteceu na Suíça, em 1987. O atual técnico do Athletico Paranaense, que fez sua estreia no último domingo, 10, falou sobre o que viveu nos últimos meses quando o caso voltou à tona.

“Confesso para vocês que estou nervoso. É um tema muito sério, muito importante. Escrevi para não correr o risco de errar, porque não sou bom com palavras, sou muito ‘boleirão’. Queria falar sobre os últimos meses que eu tenho vivido. Há quase um ano eu saí do Corinthians e vocês podem imaginar o que estou passando e o quanto estou refletindo”, iniciou o treinador.

O técnico afirmou ainda que conseguiu seguir em frente e entendeu que o caso não se tratava apenas dele e citou uma coluna da jornalista Milly Lacombe, do Uol. “Eu entendi o que ela quis dizer. Não é só sobre mim, mas é sobre mim também. Eu escolhi me recolher durante muito tempo, mas consegui seguir a minha vida, enquanto uma mulher que passa por qualquer tipo de violência não consegue seguir a vida dela sem permanecer machucada, carrega o impacto para sempre. Eu consegui seguir minha vida. O mundo do futebol e o mundo dos homens nunca tinha me cobrado nada, mas o mundo está mudando e eu acho que é para melhor”, refletiu.

Ele destacou que o mundo ainda é muito preconceituoso, além de reconhecer que mudanças estão acontecendo: “Quero e me comprometo a fazer parte da transformação. Vou fazer isso com o poder da educação. Quero ajudar. Quero jogar luz, usar a voz que tenho para, ao mesmo tempo que me educo, educar também outros homens, principalmente os jovens que amam futebol”, afirmou.

Para concluir, Cuca falou sobre a anulação da condenação: “Eu pensei que eu estava livre da minha angústia quando solucionei meu problema com a anulação do processo e a indenização. Mas entendi que não acabou porque não dependia apenas da decisão judicial, mas que eu precisava entender o que a sociedade esperava de mim. O que vocês vão ver de mim daqui para frente não serão palavras, serão atitudes. Mas obrigada por me ouvirem hoje”, concluiu.

Confira um trecho do discurso:

ENTENDA O CASO

Alexi Stival, conhecido como Cuca, foi julgado em 1987 com outros três jogadores, Henrique Arlindo Etges, Eduardo Hamester e Fernando Castoldi, por ter violentado uma criança de 13 anos na Suíça. 

O caso ocorreu no hotel Metrópole, em Berna, na Suíça, no ano em que o time gaúcho fez uma excursão pela Europa. De acordo com a investigação da polícia local, a garota pediu autógrafos e camisetas para os jogadores, que, então, a levaram para dentro do quarto e abusaram dela. 

Ela registrou queixa na polícia horas depois sob a alegação de ter sofrido violência sexual. O caso foi reaberto em novembro de 2023, pela juíza Bettina Boschler, pelo Tribunal de Berna. 

O Ministério Público, por sua vez, alegou que o crime estava prescrito e sugeriu a anulação da pena, além da extinção do processo. Cuca ainda foi indenizado em 9500 francos suíços (R$ 55,2 mil).