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Defensor de baleias e fundador do Greenpeace é preso na Groenlândia; Fundação fala em emboscada

Paul Watson, renomado ativista ambiental canadense e fundador do Greenpeace e da Sea Shepherd, foi preso no último domingo, 21, pela Interpol em Nuuk, capital da Groenlândia, território autônomo pertencente à Dinamarca, numa trama do governo do Japão. A prisão ocorre após a emissão de um mandado de prisão internacional que estava em aberto há 12 anos, solicitado pelo Japão.

Watson, aos 76 anos, é amplamente conhecido por suas ações em defesa das baleias, muitas vezes utilizando métodos considerados controversos e agressivos contra embarcações que caçam a espécie. Estima-se que nas suas atuações em defesa da vida marinha, ele tenha salvado mais de 6 mil baleias da caça de países que consomem a carne do animal, como Japão, Noruega e Islândia. Ele também já salvou focas, golfinhos e tubarões.

HISTÓRICO DE WATSON

Watson acumula décadas de ativismo ambiental, sua primeira condenação ocorreu em 1980, quando agrediu um fiscal do governo canadense durante um protesto contra a caça de focas. Seis anos depois, Watson admitiu ter afundado dois barcos no porto de Reykjavik, na Islândia, e ter liderado um ataque contra uma fábrica de processamento de carne de baleia no país.

Paul Watson, de barba branca, com sua tripulação da Sea Shepherd em 2005. Imagem reprodução: David w ng via Wikimedia Commons.

Em 1996, Watson foi preso no Canadá por liderar ações contra barcos de pesca cubanos e espanhóis. Em 2000, foi condenado à revelia por um tribunal norueguês a 120 dias de prisão pela tentativa de afundar um pesqueiro em 1992. Em 2012, foi detido na Alemanha a pedido de um promotor de Justiça da Costa Rica, após atacar barcos que pescavam tubarões nas águas centro-americanas.

A PRISÃO DO ATIVISTA

O episódio mais recente que culminou na sua prisão atual envolve a Guarda Costeira do Japão, que emitiu um mandado de prisão contra Watson pela sabotagem de um baleeiro japonês na Antártida. Watson foi detido assim que ancorou seu barco em Nuuk para reabastecimento. Sua embarcação estava a caminho do Pacífico Norte, onde pretendia monitorar o Kangei Maru, o novo baleeiro japonês lançado em junho, que preocupa Watson e sua equipe de defesa às baleias.

Imagem de Paul Watson durante a prisão, no último domingo. Imagem reprodução.

SANTUÁRIO DE BALEIAS NA ANTÁRTIDA

A prisão de Watson ocorre em um contexto de contínua controvérsia em torno da caça às baleias. O Japão, junto com a Islândia e a Noruega, é um dos poucos países que ainda permite a caça de baleias, uma prática amplamente condenada por ambientalistas e organizações internacionais. O novo baleeiro japonês, maior e mais potente, levanta suspeitas de que possa operar além do mar territorial japonês, possivelmente na Antártida, onde se encontra o maior santuário de baleias do mundo.

A Captain Paul Watson Foundation, atual organização do ativista, classificou a prisão como uma “emboscada”. A detenção de Watson é vista por muitos como um golpe significativo contra o movimento de defesa das baleias, que ele lidera há décadas no mundo todo. Se extraditado para o Japão, é possível que o ativista fique preso por 15 anos.

Nas Ilhas Faroe, na Dinamarca, estima ter diminuído em 30% o número de espécies de golfinhos sacrificadas. “O oceano é como um faroeste”, disse Watson em entrevista a Ecoa em 2022.

“O alerta vermelho da Interpol, que determinava a detenção do Capitão Watson, desapareceu da internet meses atrás, e isso nos levou a imaginar que não houvesse mais uma ordem de prisão contra ele. Mas não. O Japão apenas tornou o alerta ‘confidencial’, para atrair o Capitão Watson e fazer a polícia prendê-lo, como forma de impedir que ele chegasse ao Pacífico Norte. Agora estamos apelando ao governo dinamarquês para que revogue a prisão, já que a sua motivação é política”, disse Locky McLean, diretor de operações da organização.

*Feito com informações de Revista Fórum.

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