O delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini, responsável pela investigação sobre o balcão de corrupção no Ministério da Educação, pediu ao Supremo Tribunal Federal a prisão de integrantes da cúpula da PF. As informações são do portal Metrópoles.
A operação comandada por Calandrini levou à cadeia o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. O pedido está nas mãos da ministra Cármen Lúcia, encarregada do inquérito sobre corrupção no MEC. Calandrini alega ter havido interferência do alto comando da corporação nas apurações sobre o caso.
É a primeira vez, na história recente, que um delegado pede a prisão da cúpula da PF.
INTERFERÊNCIAS
Após a deflagração da operação, Calandrini enviou uma mensagem a colegas afirmando que houve interferência da cúpula da PF no caso, depois que não foi autorizada a transferência de Milton Ribeiro de São Paulo para Brasília. Ele escreveu que não tinha “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.
Calandrini apontou ainda, com base em telefonemas interceptados com autorização judicial, indícios de que o presidente Jair Bolsonaro teria alertado Milton Ribeiro do risco iminente de deflagração de uma operação. A partir disso, o Ministério Público Federal pediu que o caso, que estava na primeira instância da Justiça Federal em Brasília, fosse remetido para o Supremo Tribunal Federal. Desde então, o inquérito está com a ministra Cármen Lúcia.
PEDIDO DE PRISÃO
O pedido de prisão da cúpula da Polícia Federal foi apresentado recentemente. Dentro da PF, já havia certa expectativa de que Calandrini, que virou alvo de uma sindicância interna após acusar seus superiores de interferir na investigação, poderia recorrer a uma medida extrema. O temor da direção aumentou dias atrás, com a constatação de que o delegado havia pedido ao Supremo uma medida cautelar. Os autos tramitam em segredo de Justiça.
Calandrini também foi responsável por solicitar a inclusão do ministro da Economia Paulo Guedes como investigado em um inquérito sobre desvios no fundo de pensão dos Correios, o Postalis.