Deputados da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), votaram contra duas propostas de homenagens para a cantora Ludmilla e para o rapper Emicida.
As propostas eram para que Ludmilla recebesse o prêmio de Cidadania, Direito e Respeito à Diversidade e para que Emicida recebesse a Medalha Tiradentes.
ALEGAÇÃO DE APOLOGIA ÀS DROGAS:
A primeira proposta vetada foi a de conceder o prêmio de Cidadania, Direito e Respeito à Diversidade à funkeira Ludmilla. Foram 24 votos contrários, 17 favoráveis e 13 abstenções. A proposta foi da ex-deputada do PCdoB, enfermeira Rejane, e foi barrada na última terça-feira, dia 14. A deputada Verônica Lima (PT), defendeu a proposta.
Já o deputado estadual Alan Lopes (PL) protagonizou uma cena, no mínimo, “curiosa” no plenário. Ele recitou trechos das músicas “Verdinha” e “Socadona”, ambas de Lud, , para se posicionar contra a entrega da medalha. “Eu fiz um pé lá no meu quintal. Tô vendendo a grama da verdinha a um real”, citou o parlamentar do PL.
Lopes deu o tom dos votos da grande maioria dos deputados da (ora ora) direita, que repreenderam a cantora alegando que ela faz “apologia às drogas”. A deputada India Armelau (PL) afirmou que a cantora é uma mulher “que não valoriza seu corpo”, e Filippe Poubel (PL) arrematou classificando Ludmilla como “pseudo artista”.
Ao rebater as argumentações dos deputados conservadores, Renata Souza (PSOL) citou a cantora como um expoente da cultura brasileira, afirmou que diversas músicas fazem citação às armas, por exemplo, e fez um apelo contra a criminalização do funk.
“Como acho que a Ludmilla não é só um trecho de uma música, ela é reconhecida no Brasil e internacionalmente, serve como referência para meninas negras”, defendeu Verônica Lima, do PT.
Na redes socias, Ludmilla falou sobre o caso e rebateu: rebate: ‘É uma pena que não reconheçam o meu trabalho e luta’
RECUSA DE HOMENAGEM PARA EMICIDA:
Em seguida, os deputados da Alerj barraram a homenagem ao rapper Leandro Roque de Oliveira: o Emicida, que seria agraciado com a Medalha Tiradentes, que é a medalha mais importante da Casa. O projeto de resolução era da deputada Renata Souza (PSOL) e dividiu os deputados: 22 votaram contra e 19 a favor da homenagem ao músico.
Mais uma vez, o deputado Alan Lopes (PL) entrou em cena e pediu a verificação de votos, gerando uma longa discussão entre os deputados presentes. Representes do campo político da Direita leram letras de músicas de Emicida com críticas à atuação das forças policiais. Para os políticos, a concessão da Medalha Tiradentes diante de tal postura é “inaceitável”.
Lopes criticou a letra da música “Dedo na ferida”, e apontou a canção como “imprópria”: ele disse: “Eu não acho que seja adequado, numa casa de leis, que um cidadão que não respeita as leis seja honrado com essa honraria máxima”, afirmou.
A Deputada Estadual Renata Sousa lamentou a negativa da homenagem.
A Medalha Tiradentes é destinada para pessoas ou entidades que prestaram um serviço notável ao estado do Rio de Janeiro. Na semana passada, a primeira-dama, Janja, recebeu a honraria.
A deputada Verônica Lima frisou que ambos os artistas barrados são negros e da periferia:
“Dois artistas negros da perifeira com reconhecimento internacional tiveram honrarias negadas pela ALERJ em sequência. Coincidência? Emicida e Ludmilla não perdem com essa decisão, seu talento e a multidão de fãs que acompanham e consomem seus trabalhos falam por si só.”, afirmou.
*Com informações de Extra e Diário do Rio