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Documentos apresentados por Damares Alves não comprovam abuso sexual contra crianças, diz jornal

Segundo reportagem do Estadão, as supostas provas apresentadas pela assessoria da ex-ministra não comprovam existência de rede de tráfico infantil e crimes sexuais no Pará

Os documento apresentados pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), que foi eleita senadora pelo Distrito Federal, e afirmou em um evento religioso existir denúncias sobre violência sexual cometidas contra crianças no arquipélago do Marajó, no Pará, não contêm registro do caso.

Ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

É o que afirma o repórter André Borges, do jornal O Estado de S. Paulo, que analisou o conteúdo das 2.093 páginas dos relatórios de três CPIs, duas realizadas em 2010, fornecidos pela assessoria de Damares como prova da denúncia.

Segundo Borges, os casos relatados por Damares que ela diz terem ocorrido na localidade paraense, não sem comprovam na documentação apresentada pela ex-ministra.

ENTENDA OCASO:

Durante campanha em um culto religioso realizado na igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Fama, em Goiânia (GO), Damares afirmou que havia imagens de crianças de 4 anos cruzando as fronteiras com os dentes arrancados “para não morderem na hora do sexo oral”.

A assessoria da ex-ministra enviou ao jornal Estadão relatórios da CPI da Pedofilia, de 2010, com 1.696 páginas. Também foi apresentado como suposta prova para atestar a veracidade das palavras da senadora eleita relatório de uma CPI da Assembleia Legislativa do Pará, que foi criada em 2010 para apurar práticas de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes no Estado, inclusive na Ilha de Marajó. As 284 páginas deste relatório também não trazem nenhuma citação do que foi dito pela ex-ministra.

O que é comprovado na documentação apresentada, segundo o jornal, é que, como ocorre em diversas regiões do País, os crimes de violência sexual estão presentes no Pará e no arquipélago do Marajó, mas nenhum documento enviado pela senadora eleita, até o momento, confirmou suas alegações.

Um terceiro documento entregue ao veículo de imprensa, foi o relatório da CPI dos maus-tratos, concluída em 2018 pelo Senado. Em suas 113 páginas, não aparece nenhuma referência aos episódios relatados por Damates.

A reportagem insistiu sobre quantos casos de violência relatados pela ministra ocorreram e quando. Primeiro, foi informado que seriam casos antigos, registrados em meados de 2019. Depois, foi informado que se trata de casos de 2020.

Uma entrevista com a ex-ministra foi solicitada também pelo jornal para esclarecer o tema. A assessoria da ex-ministra teria afirmado que seriam casos sigilosos.

Damares tem viajado com a atual primeira-dama, Michele Bolsonaro, por diversos Estados, e tem feito campanhas dentro de igrejas e templos religiosos  pedindo votos para Jair Bolsonaro (PL) que tenta se reeleger. A ex-ministra tem utilizado as redes sociais para disseminar vídeos com suas declarações que até o momento, não foram comprovadas.

Com informações de Estadão