O jovem congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, foi morto na segunda-feira passada (24), no Rio de Janeiro. Ele foi cobrar duas diárias atrasadas do quiosque onde trabalhava,no posto 8 na Barra da Tijuca, e foi espancado até a morte por cinco homens. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada. Os parentes só souberam da morte no dia seguinte (25), 12 horas após o crime.
Moïse teria ido ao quiosque por volta das 22h para cobrar o valor de R$200 pelas duas diárias de trabalho que não haviam sido pagas.
Um homem que afirma ter participado do crime se apresentou à polícia nesta terça-feira, 1, e foi conduzido à Delegacia de Homicídios (DH). A Polícia Civil espera ouvir o dono do quiosque onde Moïse trabalhava e foi morto nesta terça.
A família da vítima deve prestar depoimento nesta quarta, 2. Agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) e da Guarda Municipal estiveram no quiosque Tropicália nesta terça, 1, mas o local estava fechado.
A prefeitura do Rio informou que caso seja constatada a participação ou conivência do concessionário/proprietário na morte de Moïse, a licença de funcionamento e concessão serão cassadas.
Entre os envolvidos, dois são homens de cor parda, de acordo com a análise das características feitas com ajuda de vídeos: um deles tem cerca de 35 anos, cabelo preto cortado a máquina, é magro, apresentava cavanhaque, altura em torno de 1,63m e vestia short e camiseta preta. O outro tem 25 anos, aproximadamente, cabelo também preto cortado a máquina, usava bermuda, é magro e mais baixo que o primeiro.
Segundo o primo de Moïse, ele foi espancado por mais de 15 minutos com golpes de mata leão, socos, chutes, golpes com pedaços de pau e teve os pés e mãos amarrados por um pedaço de fio antes de ser morto. Quando os agressores viram que ele estava desacordado, deixaram o corpo jogado na areia. A perícia apontou que a causa da morte foi traumatismo do tórax com contusão pulmonar causada por ação contundente.
Segundo o relato do primo, o estabelecimento continuou funcionando normalmente após o crime. Alguns dos criminosos foram embora e o gerente continuou atendendo normalmente. Moïse foi enterrado no último domingo no cemitério de Irajá.
Líderes da comunidade congolesa no Rio divulgaram uma nota repudiando veementemente a morte do jovem. O governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes disseram que o assassinato não ficará impune.
Moïse Mugenyi Kabagambe era estudante de arquitetura e trabalhava há cerca de três anos atendendo clientes nos estabelecimentos da orla, servindo as mesas na praia. Ele veio para o Brasil em 2014 junto com a família para fugir da guerra e da fome.