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Em Belém, Ministério da Saúde lança campanha de combate à Malária; números preocupam

Pela primeira vez em Belém e na região norte do país, o Ministério da Saúde lançou a Campanha Nacional de Combate á Malária, com a ambiciosa meta de eliminar a Malária no Brasil até 2035. De acordo com dados do Ministério a região Norte do país concentra os maiores índices de casos da doença, por conta da influência da Amazônia e da umidade, por isto, inclusive, o lançamento da campanha foi feito no Norte do Brasil.

Segundo o ministério, a Região Norte tem 30 municípios que concentram 80% dos casos da doença. O lançamento também marca o Dia Mundial de Luta Contra a Malária e os 20 anos de atuação do Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária. Conforme estudos do ministério, Ananindeua, na região metropolitana de Belém, é um dos principais focos da campanha de combate.

Com o slogan “O combate à malária acontece com a participação de todos: cidadãos, comunidade e governo”, a campanha tem o objetivo de alertar a população, profissionais de saúde e gestores sobre a prevenção, controle e eliminação da doença. A publicidade será veiculada na televisão, rádio, internet, redes sociais e outdoors a partir desta terça (25) nos estados da região amazônica (AC, AM, AP, MA, MT, PA, RO, RR e TO). A campanha será divulgada também em carros e barcos de som, para que a informação chegue à população das localidades mais vulneráveis.

NÚMEROS

Já segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Pará, de 2022 e 2023, os dez municípios com mais casos são:

2023 até o dia 24 de abril: 5.976 casos
Jacareacanga: 1.974
Itaituba: 1.393
Anajás: 1.324
Breves: 435
Altamira 191
Almeirim: 131
Afuá: 86
Chaves: 77
Curralinho: 68
Bagre: 59

Em relação ao recorte nacional, em 2022, de acordo com dados preliminares, foram registrados 129,1 mil casos no país com redução de 8,1% em relação a 2021. Apesar da queda, o país não atingiu a meta estabelecida, de no máximo 113 mil notificações para o número de casos autóctones, alcançando um resultado de quase 127 mil casos contraídos localmente. Já em relação aos óbitos, o Brasil registrou 37 mortes pela doença em 2019, 51 em 2020, 58 em 2021 e 50 óbitos em 2022.

No Brasil, 30 municípios concentraram 80% dos casos da doença. Considerando apenas malária por Plasmodium falciparum (espécie mais associada à malária grave), 16 municípios concentram 80% dos casos.

A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, durante a solenidade de lançamento, lembrou o decreto assinado pelo presidente Lula no último dia 17, que institui um comitê interministerial envolvendo nove ministérios, com o objetivo de concentrar ações na eliminação das doenças de determinação social. “Isso muda bastante o cenário, porque, como sabemos, a solução não está apenas no setor saúde. Então precisamos integrar várias pastas do governo federal, para chegar a esse importante marco para o nosso país, que será a eliminação da malária e outras doenças. Também estamos criando, sob liderança da ministra Nísia, um grupo de trabalho da Amazônia Legal, onde vamos trabalhar em um plano estratégico específico para a região. Esse é um compromisso do Ministério da Saúde, nessas duas frentes, visando, principalmente, o preenchimento de alguns vazios, tanto na vigilância, quanto na assistência. A região norte precisa ser vista com bastante prioridade, para que a gente consiga efetivar a equidade em saúde”, declarou.

TRATAMENTO

Todos os medicamentos para o tratamento de malária estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o diagnóstico, o Ministério da Saúde distribuiu 171,9 mil testes, para atender estados da federação e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) até agosto. Outros 300 mil testes serão entregues em duas etapas ao longo do ano de 2023. Ainda para este ano, o SUS está preparado para tratar mais de 800 mil pessoas com a doença, incluindo malária grave.

CONTAMINAÇÃO

A malária é transmitida através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoário do gênero Plasmodium. Apesar disso, a principal forma de combater e eliminar a malária é o diagnóstico oportuno e o tratamento completo. Assim os mosquitos não se infectam e o ciclo de transmissão é interrompido.

O mosquito também é conhecido como carapanã, muriçoca, sovela, mosquito-prego e bicuda. Estes mosquitos são mais abundantes ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados durante todo o período noturno.

Apenas as fêmeas de mosquitos são capazes de transmitir a malária. Os locais preferenciais escolhidos pelos insetos transmissores da malária para colocar seus ovos (criadouros) são pontos com água limpa, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes na Amazônia Brasileira.

ESTRATÉGIA

Uma das estratégias apontada pelo Ministério da Saúde em busca da erradicação da malária no Norte brasileiro é capacitar lideranças comunitárias para identificar a doença.

“Diminuiu, mas a carga de malária em alguns municípios é grande. A gente não pode se contentar com o controle. Os trabalhos locais conseguem fazer com que pequenos surtos de malária não se tornem uma nova área transmissora, então a principal estratégia passa pelo diagnóstico”.

*Com informações de Ministério da Saúde.