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Em Oeiras do Pará, jovem que ajuda a mãe na produção de farinha passa em Letras na UFPA

Nesta sexta-feira, 17, o listão dos aprovados da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi divulgado e provocou um clima de festa e celebrações em todo o estado para comemorar a conquista dos novos calouros da instituição. Além disso, a lista também abre portas para histórias de superação, como a do jovem Gustavo Moraes Alho, de 18 anos, que mora à beira da BR-422, no município de Oeiras do Pará, nordeste do estado, e foi aprovado em letras português.

A família do calouro é humilde e a renda e o sustento da casa vem da produção de farinha. O jovem, aliás, estava justamente na casa de farinha quando foi avisado que passou na UFPA. “Ele tava fazendo farinha quando a gente soube que ele passou e fomos avisar. Ele ficou muito feliz. É um orgulho. Moramos em uma zona rural. Ele é o segundo de cinco filhos e o primeiro a entrar na universidade”, disse ao BT um familiar de Gustavo.

A felicidade da família foi dupla. A prima de Gustavo também passou na UFPA. Imagem: Reprodução.

O mais novo calouro teve a vida escolar em escola pública e não fez cursinho nem outra preparação extra pois ajuda a mãe na produção de farinha, além de cuidar dos irmãos. “Gustavo é batalhador como a mãe e a família toda. Somos humildes. Ele é muito dedicado. Um rapaz estudioso, e que gosta muito de matemática. Ele estudava só na escola mesmo porque sexta, sábado e domingo ele ajudava a mãe dele fazendo farinha. O ensino fundamental ele fez aqui em Oeiras, mas o médio foi em Cametá, a 50 quilômetros daqui. Ele passava a semana lá e vinha no fim de semana”, contou a tia do jovem Edna Baia, que é professora.

O rapaz estava produzindo farinha quando soube da notícia da aprovação. Imagem: Reprodução.

Além da venda de farinha, Gustavo e a família recebem o benefício mensal do bolsa família, que ajuda a pagar as contas. Ele mora com a mãe, quatro irmãos, um sobrinho e a avó. Ao BT, o novo estudante de língua portuguesa disse que estudava pelo celular e pelos livros.

“Estou muito feliz. É só alegria. Eu ajudo a minha mãe e estudo em Cametá. A minha preparação foi com os livros da escola mesmo, só estudava na escola porque depois tenho que trabalhar. Fazia muitas anotações e também estudei pelo celular, na internet, YouTube. Foi assim, essa foi a minha preparação. O conselho que eu dou é que sempre é possível, nunca desista”, afirmou Gustavo Moraes.

VEJA O MOMENTO EM QUE A FAMÍLIA CORTA O CABELO DE GUSTAVO: