Valência, na costa sudeste da Espanha, foi palco de uma enchente repentina que tirou a vida de 64 pessoas, informou o governo espanhol nesta quarta-feira, 30. As chuvas torrenciais, que atingiram a região na terça-feira, 29, devido a uma forte frente fria, transformaram vilarejos em rios, arrastaram carros e interromperam estradas e ferrovias. O evento já é considerado a pior enchente na região em décadas.
PIORES ENCHENTES EM DÉCADAS
A cidade de Valência, a terceira maior da Espanha, foi duramente afetada, especialmente em suas áreas ao sul, onde a precipitação alcançou níveis esperados para um ano inteiro em apenas um dia. O município vizinho de Paiporta ficou “incomunicável”, e há temor de “dezenas” de vítimas na área, conforme relatado pela prefeita local à mídia espanhola.
Imagens impactantes circulam nas redes sociais, mostrando pessoas presas nas enchentes, refugiando-se em árvores e buscando abrigo para evitar serem levadas pela correnteza. A agência meteorológica espanhola (Aemet) emitiu alerta vermelho para Valência, prevendo que as tempestades devam persistir até quinta-feira, 31.
Impacto no transporte e isolamento
O desastre também afetou a infraestrutura de transportes. Um trem de alta velocidade com quase 300 passageiros descarrilou perto de Málaga, cidade na costa mediterrânea a cerca de 600 quilômetros de Valência. Apesar do susto, autoridades confirmaram que não houve feridos. As linhas de trem entre Valência e Madri foram suspensas, e outras rotas na região também estão interrompidas.
Carlos Mazón, presidente regional do leste de Valência, alertou para o isolamento de algumas áreas devido às inundações e pediu que os moradores permaneçam em casa. “Se os serviços de emergência não chegaram, não é por falta de recursos ou disposição, mas por um problema de acesso,” afirmou.
Mudanças climáticas em foco
Meteorologistas espanhóis destacam que o aumento das temperaturas do Mediterrâneo pode ter intensificado as chuvas, reforçando os alertas sobre os impactos das mudanças climáticas. O evento de enchente em Valência ocorre em um ano que já enfrentou uma seca severa, reforçando o impacto de condições climáticas extremas no país.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou solidariedade ao povo espanhol, ressaltando a necessidade de união global no combate às mudanças climáticas. Em uma publicação na rede social X, Lula destacou os efeitos devastadores da crise climática: “As imagens das chuvas na Espanha causam espanto e nos unem em solidariedade aos espanhóis… Precisamos de mais unidade nas ações entre os países do mundo para frear seu avanço.”
História de enchentes
Valência carrega memórias amargas de enchentes devastadoras. Na década de 1950, chuvas intensas causaram o transbordamento do rio Túria, resultando na morte de mais de 80 pessoas. Desde então, o leito do rio foi desviado, e a cidade construiu o Parque do Jardim do Túria como uma medida de proteção contra novas enchentes. Mesmo com essa infraestrutura, a nova catástrofe trouxe à tona as vulnerabilidades da região.
O governo da Espanha decretou três dias de luto oficial em memória das vítimas. As autoridades alertam os cidadãos para que evitem viagens para as áreas atingidas, como Valência, Málaga, Albacete e a região da Catalunha, onde tempestades e ventos fortes continuam a ser uma ameaça, especialmente ao redor de Barcelona, onde um alerta vermelho também foi emitido.