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Endoscopia em animais: Saiba quais os tipos e em quais casos o procedimento é necessário

Você sabia que pets também fazem endoscopia? Muitos ainda a associam àquele procedimento que fazemos quando temos problemas gástricos, como a gastrite. Sim, aquele bendito procedimento onde somos anestesiados e o acompanhante costuma fazer vídeos engraçados de pessoas completamente biruleibe das ideias voltando da anestesia (inclusive recomendo levar um acompanhante de sua extrema confiança, pois às vezes falamos sobre assuntos impublicáveis, rs).

Contudo, a endoscopia em si vai muito além dessa. A modalidade mais conhecida é esta: a endoscopia digestiva alta. Bichinhos também têm indicação de fazê-la em casos suspeitos de gastrite também, mas é infinitamente mais comum eles a realizarem mediante presença de corpo estranho no estômago.

É aquele clássico caso do “meu cachorro engoliu um caroço de manga”. No auge da pandemia, era muito comum recebermos em consultório cães que engoliram máscaras, mas a lista de casos é extensa: pedras, caroços de frutas, moedas, joias, fragmentos de chinelos, agulhas, sacolas, e o queridinho dos beagles – meias! Endoscopistas costumam ter excelentes histórias para contar.

É muito mais comum a sua realização em cães do que é gatos, visto que bichanos são muito mais seletivos com relação ao que levam à boca/engolem.

O termo “endoscopia”, na realidade, se refere a um procedimento que objetiva visualizar cavidades do corpo por meio de uma câmera. Pode ter função diagnóstica, no caso de mostrar o aspecto de mucosas (se há inflamação, infecção fúngica, neoplasias), ou função terapêutica, como é nesses casos onde há objetos que causam obstrução local e precisam ser retirados para o problema ser resolvido.

Partindo dessa ideia, de avaliação de mucosas de cavidades, agora é possível entender que a endoscopia pode abranger muito mais que o estômago. As modalidades aplicadas em medicina veterinária hoje em dia são:

– Endoscopia digestiva alta: avalia desde a cavidade oral, passando por esôfago, estômago, até a porção inicial intestinal (duodeno);

– Endoscopia digestiva baixa (colonoscopia): avalia a porção intestinal final, dando enfoque sobretudo em cólon e reto;

– Rinoscopia: permite análise de mucosa nasal, desde as narinas, até porção nasofaríngea;

– Sinoscopia: avaliação dos seios paranasais (onde ocorre a famosa sinusite), sendo um pouco mais invasiva, pois é realizada uma microcirurgia para que seja possível acessar a área;

– Otoscopia: avaliação do conduto auditivo;

– Laringotraqueobroncoscopia (um excelente trava-língua, hein): faz uma avaliação minuciosa de estruturas respiratórias, como a laringe, traqueia e brônquios principais;

– Uretrocistoscopia: utilizada na avaliação da camada mucosa de estruturas do trato urinário inferior, ou seja, uretra e bexiga;

– Vaginoscopia: avalia mucosa vaginal e colo do útero;

Apesar de não ser tão invasivo quanto uma cirurgia, é necessário estar atento aos riscos anestésicos, claro. Toda endoscopia veterinária é realizada sob anestesia, porém os profissionais especializados em anestesia procurarão sempre buscar minimizar esses riscos e deixar o tutor sempre a par do que está acontecendo.

Uma das maiores vantagens da endoscopia no caso de corpo estranho é que, a depender do conteúdo, a retirada do mesmo é viabilizada sem necessidade de cirurgia. Sem cortes, sem risco cirúrgico, sem necessidade de pós-operatório.

É muito interessante perceber que a medicina veterinária e a humana se aproximam em diversos aspectos. Agora você já sabe que a endoscopia também é uma realidade na clínica veterinária e que, caso seu bichinho um dia necessite, há uma equipe de profissionais veterinários capacitados em realizar este procedimento.