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Equador: 70 pessoas já foram detidas e 13 mortes em onda de violência; entenda o conflito

Presidente do país colocou o exército nas ruas, 13 pessoas mortas e 70 detidas.

Desde a ultima segunda-feira (08), 70 pessoas foram detidas e 13 pessoas mortas durante onda de violência no país equatoriano. O governo do presidente Daniel Noboa autorizou a ação do exército nas ruas para frear a onda de violência.

Exército do Equador patrulha arredores do palácio presidencial em Quito. Foto: Rodrigo Buendia/AFP

A violência ainda assusta os moradores locais, a imprensa equatoriana diz que na cidade de Guayaquil, oito pessoas foram mortas e duas ficaram feridas. Em Nobol, duas morreram. Segundo o Ministro da Saúde do Equador, ambulatórios, hospitais e centros de saúde pública estarão com os atendimentos suspensos.

A violência intensa no país, levou o presidente Daniel Noboa a declarar conflito armado interno. As autoridades divulgaram um balanço sobre a ação contra os “atentados terroristas”:

  • 70 pessoas detidas;
  • 17 presos recapturados;
  • 3 policiais liberados;
  • apreensões de armas de fogo, explosivos e veículos.

Entenda o caso:

A crise iniciou na segunda-feira (08), após a fuga da prisão do criminoso José Adolfo Macías, também conhecido como “Fito” que seria transferido para uma prisão de segurança máxima. Ele é chefe de uma facção criminosa que se nomeia como “Los Chorenos”, uma das mais temidas do país.

Após a fuga de Fito, o presidente Noboa declarou estado de exceção, impondo toque de recolher, restrição de reunião, de privacidade de domicílio e de residência a todos os cidadãos. As forças armadas também foram autorizadas a irem para as ruas para prestar apoio ao trabalho da polícia

Na terça-feira, foi registrado uma onda de crimes em várias cidades do país, as autoridades relatam a fuga de mais criminosos. Entre eles, Fabricio Colón Pico, um dos líderes do grupo “Los Lobos”. Assim como Fito, ele também seria transferido para uma prisão de segurança máxima.

INVASÃO EM ESTÚDIO DE TV

Um grupo de homens encapuzados e armados invadiu as instalações do canal TC Televisión de Guayaquil na tarde desta terça-feira (9). A invasão foi capturada pela transmissão ao vivo, que mostrou funcionários sendo obrigados a se deitarem no chão. Foi possível ouvir tiros e gritos.

 
 
 
 
 
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Os criminosos também invadiram uma universidade de Guayaquil. A instituição suspendeu as aulas. Segundo o jornal “El Universo”, pelo menos oito pessoas morreram e duas ficaram feridas em Guayaquil.

Um estado de exceção de 60 dias em que o exército saiu às ruas para auxiliar nos patrulhamentos da polícia e um toque de recolher que vai das 23h às 5h foi instituído. A medida foi tomada após organizações criminosas do país realizarem uma série de ataques e sequestros que teriam culminado em dez mortes, até o momento.

Polícia equatoriana revista pessoas nas ruas em onda de violência contra facções crimonosas. Imagem reprodução.

Os acontecimentos dos últimos dias denotam um confronto entre as autoridades e as organizações criminosas envolvidas com o tráfico de drogas no país. As forças de segurança informaram que ao menos quatro policiais foram sequestrados durante a terça-feira, 9.

Os ataques são uma resposta à postura de Daniel Noboa, o presidente mais jovem da história do Equador, com 36 anos, que governa o país desde novembro do ano passado e tem como um dos objetivos conter a violência no Equador. Entre 2018 e 2023, os homicídios quadruplicaram, e o número de assassinatos atingiu um recorde chegando em 46 a cada 100 mil habitantes, de acordo com o jornal El Universo.

O cientista político do Insper Leandro Consentino traça um paralelo entre os eventos que ocorreram nesta semana no Equador com o que aconteceu no estado de São Paulo em 2006, quando o PCC (Primeiro Comando da Capital) sequestrou e matou agentes de segurança, além de colocar fogo em ônibus. A motivação, à época, teria sido uma reação da organização criminosa após o governo mostrar a intenção de transferir os líderes da facção para outras penitenciárias.

O especialista relembra, como mais um sinal da violência que só cresceu no Equador ao longo dos últimos seis anos, o assassinato do candidato a presidência do país, Fernando Villavicencio, morto com três tiros na cabeça durante o dia 8 de agosto de 2023, logo após sair de um comício na cidade de Quito, em meio às eleições. Na ocasião, a facção criminosa “Los Lobos” assumiu a autoria do crime.

O governo do Equador pretendia efetuar um corte de gastos em uma tentativa de atrair investimento para o país, que enfrenta uma crise econômica desde a pandemia, que deixou 167 mil mortes e fez com que ruas de cidades grandes como Guayaquil ficassem cheias de corpos após um colapso sofrido pelo sistema funerário do território.

REAÇÃO INTERNACIONAL

O Itamaraty destacou que acompanha “com preocupação” a situação que afeta o Equador, e que segue atento em relação à situação dos cidadãos brasileiros que vivem no país. Um deles, Thiago Allan Freitas, foi libertado pela polícia local após ser sequestrado por criminosos que pediram um valor equivalente a R$ 14 mil para soltura do refém. Nesta quarta-feira, 10, o presidente Lula (PT) se reuniu com Mauro Vieira para discutir o tema.

Durante a terça-feira, 9, o Peru anunciou um aumento na força policial que faz o controle das fronteiras com o Equador, em uma tentativa de reforçar a segurança do país após a escalada dos conflitos internos que ocorrem no território vizinho.