A Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), entidade do movimento feminista fundada em 1994 é um dos movimentos sociais fundadores do Fórum Social Panamazônico – FOSPA, e participante do X FOSPA, que será realizado na UFPA, em Belém, entre os dias 28 e 31 de julho de 2022.
A programação feminista foi construída a partir de uma ampla discussão entre movimentos feministas, coletivos de mulheres aliadas da Panamazônia e companheiras feministas de diversos estados – Pará, Amapá, Amazonas, Roraima e Tocantins, – e países – como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, Guiana e Uruguai. Este grupo vem construindo conjuntamente a iniciativa de ação “Defesa do Corpo e Território das Mulheres Amazônicas e Andinas”, que integra o FOSPA desde o VIII Fórum, ocorrido em Tarapoto, Peru, em 2017.
Essa ação é também a espinha dorsal que norteia a construção e articulação da Casa da Resistência das Mulheres e do Tribunal de Justiça e Defesa dos Direitos das Mulheres Panamazônicas e Andinas, atividades que a AMB vai realizar neste X FOSPA. “Além do grupo que constrói as ações com as parceiras, a Articulação também acompanha as reuniões do Comitê Internacional do grupo, das várias iniciativas de ação e da secretaria do X FOSPA”, explica Eunice Guedes, militante do Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense (FMAP) e da coordenação da AMB.
Um dos espaços de aprendizado e debate será a Casa da Resistência das Mulheres, realizada nos dias 29 a 31 de julho, no Auditório Setorial Básico 1, na UFPA, com o tema “Pelo fim do patriarcado e consequentemente da violência contra as mulheres e do fundamentalismo. Pela equidade dos direitos das mulheres, seu empoderamento e fomento da sororidade. Mulheres, assim como a floresta, símbolos da Amazônia”.
Nilde Sousa, também integrante do FMAP/AMB, detalha: “vamos abrir a Casa da Resistência das Mulheres todos os dias, com caráter político-afetivo de acolhimento, celebração e encontro entre nós mulheres, nossas práticas e vidas, após o longo período de pandemia e de resistência às crises democráticas nos vários países que compoēm a região da Panamazônia. O objetivo é fortalecer este encontro entre as participantes, como parte da metodologia da Casa, e garantir a manifestação das expressões da pluralidade de mulheres que vivem na Amazônia”. Outra preocupação da Comissão da Casa foi garantir a presença das diferentes experiências das mulheres da Panamazônia nos painéis e campanhas do evento.
A Programação também aposta em experiências de comunicação popular feminista como as “rádios zaps” e as relatorias gráficas – sistematização do vivido através de imagens por artivistas feministas, além da cobertura do encontro, que será toda realizada por comunicadoras populares feministas.
Segundo Verônica Ferreira, ativista da AMB e ex-coordenadora da Articulação Feminista Marcosul (AFM), o Tribunal é um espaço político-ético organizado por mulheres feministas para visibilizar e posicionar as experiências de opressão, exploração e violação de direitos enfrentadas pelas mulheres na Amazônia e nos Andes. “A experiência do Tribunal visa posicionar as lutas de resistência que as organizações de mulheres realizam em defesa de seus corpos e territórios, contra o modelo extrativista, patriarcal, capitalista, colonial e racista que promove a exploração e destruição dos modos de vida dos povos tradicionais, que se opõem à lógica do lucro de poder e lucro que move o sistema”, explica a ativista.