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Esforço de vacinação contra poliomielite alcança 50% de cobertura em Belém, mas ainda está abaixo da meta

Elizabeth Pacheco e a sobrinha, Valentina de Sousa

“É importante que pais e responsáveis por menores de 5 anos encaminhem as crianças aos postos de saúde para vacinação contra a poliomielite. É muito triste ver o seu filho numa cadeira de rodas, com paralisia infantil (de membros, cerebral), que pode levar até à morte, quando temos um imunizante eficaz que evita e protege contra a doença: a vacina. A vacina é tudo na vida. É a saúde do seu filho. Duas gotinhas fazem toda a diferença na vida das crianças”. 

Esse é o apelo da coordenadora de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Nazaré Athayde, que divulgou nesta semana o resultado parcial da campanha de vacinação contra a poliomielite na região metropolitana de Belém.

AVANÇO

Em Belém, foram aplicadas 34.007 doses de Vacina Oral Poliomielite (VOP) para crianças de 1 a 4 anos de idade, o que corresponde a 51,09% da cobertura vacinal (o percentual de pessoas completamente vacinadas dentre as que integram o público-alvo).

A campanha teve início no mês de agosto, por meio do Ministério da Saúde, para estados e municípios brasileiros. A meta é aplicar 66.559 doses da vacina para atingir 95% da cobertura vacinal em Belém.

A poliomielite é uma doença contagiosa causada pelo poliovírus. Embora seja mais frequente em menores de 5 anos, também pode afetar adolescentes e adultos.

Objetivo é atingir 90% de cobertura vacinal das crianças. Reprodução: Agência Belém.

Na década de 1930, foram observados os primeiros surtos da doença. Nos anos de 1980, começam as grandes campanhas de vacinação contra a paralisia infantil.

Em 1989, foi registrado o último caso da doença no Brasil. E, em 1994, o Brasil recebeu o certificado de interrupção do vírus, emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), junto com os demais países das Américas.

PREOCUPAÇÃO

O alerta vem de fora do país. Em fevereiro desse ano, a Organização Mundial de Saúde divulgou a presença do poliovírus selvagem tipo 1 em uma criança de 5 anos que sofre de paralisia em Malawi, país do sudeste da África.

Neste ano de 2022, o Ministério da Saúde de Israel detectou novo caso de poliomielite em uma criança de 4 anos em Jerusalém, que não estava imunizada, apesar de a vacina fazer parte do calendário de Israel. E o estado de Nova York, nos Estados Unidos, detectou caso de poliomielite em adulto não vacinado, que desenvolveu paralisia.

BRASIL

No Brasil, diversos fatores contribuem para a cobertura vacinal ainda não ter atingido o objetivo: o avanço das notícias falsas (as chamadas fake news), que provocam a suposta sensação de que a sociedade não está mais correndo riscos de doenças; as campanhas negacionistas que colocam em xeque a eficácia dos imunizantes; as dificuldades de acesso aos postos de saúde da população que reside longe dos centros urbanos; e o medo de reações adversas em poucos usuários.

É importante informar que essas reações são consideradas normais dentro da margem de risco e de pouca relevância em relação à importância da vacinação para a população.

Controlada desde 1989, poliomielite voltou a confirmar casos em 2022. Reprodução: internet.

ESFORÇO PERMANENTE

Oficialmente, a campanha de vacinação contra a poliomielite do Ministério da Saúde tem encerramento no final do mês de outubro, mas a Secretaria Municipal de Saúde informa que os imunizantes VOP (Vacina Oral Poliomielite) e VIP (Vacina Inativada Poliomielite) estão disponíveis, como atividade de rotina, em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades Municipais de Saúde (UMS), nas Unidades Estratégicas Saúde da Família e nos hospitais militares do Exército e da Aeronáutica, de segunda a sexta, das 8h às 17h. No hospital Naval, somente terças e quintas-feiras, das 8h às 17h.